| 14/08/2006 15h19min
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, voltou a defender hoje a participação do Exército na luta contra o crime organizado no Estado de São Paulo. De acordo com o ministro, integração das forças públicas de segurança é a única solução para pôr fim aos atos de violência supostamente desencadeados por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
– Nós chegamos a uma situação que tem que ser resolvida, e essa solução é a integração –, disse após informar que o Exército já está trabalhando em São Paulo junto com a Polícia Federal. Ele lembrou que a própria participação do helicóptero das Forças Armadas no sistema de segurança paulista já é um exemplo de união. Ainda hoje, segundo o ministro, será feita uma nova tentativa para convencer o governador Cláudio Lembo a aceitar a ajuda do governo federal. Thomaz Bastos disse que o avanço da criminalidade, com o seqüestro de dois funcionários da Rede Globo, foi mais uma mostra da necessidade de se ampliar o trabalho conjunto. O ministro disse que ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanharam o caso de perto. – Foram vários os telefonemas trocados com o governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembro, até que os dois reféns fossem libertados, informou. Guilherme Portanova, repórter da TV Globo, foi libertado no início da madrugada de hoje após permanecer 40 horas em poder dos criminosos. Ele e o auxiliar técnico, Alexandre Coelho Calado, libertado na noite de sábado, foram seqüestrados por volta das 8h de sábado quando saiam de uma padaria próxima à sede da emissora, na zona sul de São Paulo. Na avaliação do ministro, foi uma decisão acertada da TV Globo em transmitir um vídeo gravado por supostos membros do PCC, em que a organização faz críticas contra o sistema carcerário no Estado. – Decisões como essa tem que ser tomadas sempre em nome da vida humana –, ponderou. Sobre a liberação de recursos para o governo paulista, Thomas Bastos informou que faltam repassar apenas R$ 20 milhões para a execução dos projetos de investimento em segurança apresentados pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). De acordo com a SAP, a verba deverá ser utilizada para a construção de dois Centros de Detenção Provisória (CDPs), um em Franca e outro em Serra Azul, municípios do interior paulista, além da compra de equipamentos como raio X, detectores de metais, entre outros. O ministro deu essas declarações logo após assistir o início da tomada de depoimentos para a Justiça britânica de seis brasileiras vítimas de uma organização criminosa que facilitava a entrada de mulheres no Reino Unido para exploração sexual. As vítimas foram ouvidas por meio de uma videoconferência, um trabalho inédito na Polícia Federal. AGÊNCIA BRASIL