| 22/02/2006 12h46min
A Varig deve depositar em juízo os R$ 100 milhões referentes ao pagamento inicial de sua dívida com credores com e sem garantias, caso o detalhamento de seu plano de recuperação judicial não seja aprovado na próxima assembléia, a ser realizada na quinta-feira. Segundo reportagem publicada hoje no jornal Valor Econômico, o montante seria pago em 36 parcelas mensais sucessivas. A primeira delas seria depositada ainda este mês.
A companhia aérea informou que o depósito do dinheiro é uma manifestação de que está cumprindo com os compromissos assumidos com os credores. O plano da empresa, aprovado em dezembro, em assembléia, prevê o pagamento de 80% desse total aos credores da classe 2 (com garantia), com rateio proporcional aos créditos correspondentes. Os outros 20% seriam destinados aos credores da classe 3 (sem garantia), sendo metade em rateio proporcional aos créditos correspondentes, e a outra metade em divisão pelo número total de credores desta classe.
Segundo a publicação, a Varig encaminhou na terça-feira aos credores o texto final que definirá sua nova estrutura societária, documento que ainda será submetido ao crivo dos credores na reunião de quinta-feira. Entre os pontos a serem discutidos pelos credores está o funcionamento do Fundo de Investimento em Participações (FIP Controle), que abrigará as ações que estão sob o poder da Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da Varig. A idéia é que todas as classes de credores possam converter os débitos em ações do FIP Controle, por meio de um FIP Crédito.
A companhia nomeará apenas um gestor para o fundo, como pleiteavam os credores, mas não admite a escolha prévia de um nome, de acordo com o jornal. O gestor seria escolhido numa assembléia marcada para 20 de março. De acordo com o documento, esse gestor assumiria a administração do FIP-Controle até que o fundo atingisse uma capitalização de R$ 700 milhões. A partir daí, seria gerenciado por um comitê. A decisão desagradou alguns credores, que se reúnem novamente com a Varig hoje, para tentar chegar a um consenso antes da assembléia.
A juíza da 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Márcia Cunha, uma das responsáveis pelo processo de recuperação judicial da Varig, afirmou que aqueles credores que estiverem insatisfeitos com o modelo a ser apresentado pela empresa na reunião poderão colocar em votação apenas alterações na estrutura do FIP. Segundo ela, o que estará sendo discutido é o detalhamento do fundo e não alterações no plano de recuperação, já aprovado anteriormente, como informou o jornal.
AGÊNCIA O GLOBO