| 16/08/2007 07h24min
O Instituto Nacional de Defesa Civil do Peru elevou a 337 o número de mortos confirmados até agora no terremoto de 7,9 graus na escala Richter ocorrido ontem. Os feridos seriam mais de mil.
Os números da Defesa Civil superam os anunciados pelo ministro da Saúde, Carlos Vallejo, que havia falado em 115 mortos e 1,3 mil feridos. A maioria das vítimas do terremoto é da cidade de Ica, 300 quilômetros ao sul da capital, a mais afetada.
Num pronunciamento à nação, o presidente do Peru Alan García pediu serenidade e anunciou o cancelamento das aulas até que se verifique a segurança dos prédios.
O fenômeno também foi sentido no Brasil. Moradores do Amazonas sentiram a vibração de paredes e móveis.
Abalo provoca pânico na população
As cidades de Ica, Pisco, Chincha e Cañete são as mais atingidas, embora o tremor também tenha sido sentido na capital, Lima. O abalo provocou um estado de pânico entre a população, que abandonou apressadamente as casas e locais de trabalho, e, em alguns casos, passou a noite nas ruas. Moradores estão pedindo ao governo o envio de cobertores e remédios.
O ministro da Saúde visitou a cidade de Ica (300 quilômetros ao sul da capital) e disse que o cenário impactante observado no caminho, com edifícios e estradas destruídos e pessoas dormindo sem abrigo.
Em Ica, os hospitais de campanha improvisados para atender os feridos trabalharam no escuro, pois o tremor interrompeu o fornecimento de energia elétrica.
O desabamento de edifícios, entre eles uma igreja, o ginásio poliesportivo da cidade e várias casas, impedia a entrada dos trabalhos de resgate.
Em Chincha, Vallejo declarou em entrevista à televisão que os hospitais não são suficientes para atender a todos e qualificou o panorama de "impactante e desolador" na passagem por Pisco.
Testemunhas entrevistadas pela televisão local afirmaram que há mortos nas ruas e praças de Pisco. Segundo o prefeito, Juan Mendoza, a cidade foi 70% destruída.
Equipes de resgate passaram a noite procurando sobreviventes entre os escombros, mas a falta de energia elétrica prejudicou os trabalhos. A rede estatal TV Peru informou que cerca de 200 pessoas na cidade podem estar presas sob os escombros da Igreja de São Clemente.
A comitiva do ministro inclui 20 ambulâncias, 50 médicos e 30 enfermeiras, além de um centro de operações portátil e remédios.
Vallejo fez também um apelo para que os peruanos doem sangue para as pessoas feridas.
Os meios de comunicação e as autoridades do Peru pediram a solidariedade de todos os cidadãos, mas também de outros países para enfrentar o caos.
Terremoto gerou tsunami no Chile
O presidente peruano, Alan García, decretou estado de emergência na região e pediu aos habitantes que se afastem do litoral em função da previsão de tsunami.
O aviso partiu do Centro de Alerta de Tsunamis, do Havaí (EUA), e era válido não só para o Peru, mas também Chile, Equador e Colômbia. Apesar de ter sido cancelado depois, um tsunami foi registrado no litoral chileno.
Em todos esses países foram registradas fortes ondas, mas de forma menos severa que em águas peruanas. O receio levou à remoção dos habitantes de algumas áreasno Peru, como La Punta de El Callao, área residencial localizada em uma pequena península ao nível do mar nos arredores de Lima.
O litoral peruano afetado pelo terremoto faz parte da rota turística que leva às míticas Linhas de Nasca; e Ica, cercada por dunas, abriga o balneário de Huacachina, um oásis no meio do deserto. A Reserva Nacional de Paracas também sofreu com o abalo.
A colônia pesqueira onde fica o parque ficou alagada. O principal hotel da região, também chamado Paracas, foi parcialmente destruído, mas sem informações de vítimas.
Desde o terremoto, às 23h40min (em Brasília) de ontem, foram registrados mais de 100 novos tremores secundários em menor escala, e pelo menos 12 foram sentidos com força na capital.
Os médicos, que na quarta-feira tinham iniciado uma greve de 72 horas, abandonaram a medida. As escolas permanecerão fechadas hoje por decreto do presidente peruano.
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