| 24/06/2006 06h34min
Já são dez vitórias seguidas em Copas do Mundo, recorde absoluto na história da competição. No comando de Portugal, são 46 jogos e 30 vitórias, outros dois recordes. Tal retrospecto faz do técnico Luiz Felipe Scolari um dos maiores ídolos da seleção portuguesa.
Neste domingo, dia 25, a equipe enfrenta a Holanda, em Nuremberg, pelas oitavas-de-final da Copa da Alemanha. Na história, os dois países se enfrentaram nove vezes, com cinco vitórias portuguesas, três empates e uma derrota. Em caso de nova vitória, Felipão cumprirá a promessa de levar a seleção até as quartas-de-final da competição.
Mas o treinador já sonha mais alto, com um lugar nas semifinais e, quem sabe, repetir a campanha vitoriosa no comando da seleção brasileira em 2002. Nesta entrevista exclusiva por telefone ao globoesporte.com, que começou na estação de Gütersloh e terminou em um trem a caminho de Colônia, Luiz Felipe Scolari fala sobre o confronto com a Holanda e os planos para o Mundial. O treinador tem contrato com a Federação Portuguesa até o final da Copa e só depois da competição para decidir seu futuro.
Globoesporte.com – Antes do Mundial, você disse que o projeto era chegar nas quartas-de-final. Por isso, o jogo contra a Holanda é sua final de Copa do Mundo?
Felipão – Coloquei essa meta para não pressionar os jogadores. Nas quartas, com uma equipe boa como a gente tem, podemos pensar em outras coisas. Passando pela Holanda, dou uma palavra a mais de carinho para os jogadores. Aí, podemos querer algo mais. Só não falo em chegar entre os quatro para não pressionar mais os atletas.
Globoesporte.com – Na Eurocopa de 2002, Portugal venceu a Holanda nas semifinais por 2 a 1. Dá para fazer alguma comparação com aquele jogo?
Felipão – A seleção da Holanda mudou muito, no mínimo 50%. O Van Basten teve condições e personalidade para mudar o time. Agora, é uma equipe, no mínimo, 30% melhor do que a da Euro.
Globoesporte.com – O Van Basten era atacante, você foi zagueiro. É mais difícil enfrentá-lo como técnico ou em um hipotético duelo dentro das quatro linhas?
Felipão – Eu só joguei no Rio Grande do Sul, não tive capacidade para jogar em grandes times como o Van Basten. Acho que seria mais difícil enfrentá-lo em campo porque agora não é um duelo entre nós, é uma equipe contra a outra.
Globoesporte.com – Logo que assumiu a seleção portuguesa, você disse que seu maior desafio era conseguir motivar os portugueses, que são mais frios, como você motivava os jogadores brasileiros. Hoje todos atletas portugueses te respeitam e elogiam a sua forma de trabalhar. Como você conseguiu isso?
Felipão – Através do ambiente de trabalho, da amizade, da minha forma de conduzir as coisas e como eu me comporto perante todos. Eles passaram a ter confiança em mim, acreditam no que eu faço e a confiança é cada vez maior. Estabelecemos alguns objetivos e procuramos alternativas. Peguei muita coisa com a Regina Brandão (psicóloga brasileira que também trabalhou com o técnico em 2002) e hoje nós temos um grande ambiente aqui.
Globoesporte.com – Os jornalistas portugueses dizem que você também mudou o comportamento dos torcedores em relação à seleção...
Felipão – Antigamente os portugueses tinham uma ligação muito fracionada pelos clubes, a torcida era mais dividida. Agora, desde a Euro 2002, nós temos uma torcida só pela seleção. Participei desse projeto e agora existe o clube Portugal.
Globoesporte.com – A caminhada de Portugal no Mundial da Alemanha lembra a do Brasil em 2002. Foram três vitórias na primeira fase, jogadores poupados no terceiro jogo, um adversário dos países baixos nas oitavas (Bélgica em 2002 e Holanda em 2006) e um possível confronto com a Inglaterra nas quartas-de-final...
Felipão – Dentro do nosso projeto, era isso que imaginávamos. Agora, a gente espera repetir o sucesso da seleção brasileira em 2002 e temos condições para isso.
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