| 17/12/2003 18h22min
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou no início da noite desta quarta, dia 17, um corte de um ponto na taxa básica de juros da economia, que agora fica em 16,5% ao ano, sem viés (uma nova alteração só poderá ocorrer na próxima reunião, em janeiro). A decisão tomada na última reunião do ano faz com que os juros acumulem uma queda de 10 pontos nos últimos sete meses.
O percentual é o mais baixo desde abril de 2001, quando a Selic estava em 16,25%. Durante 2002, a taxa mais baixa foi de 18% – de julho a setembro. O ano de 2003 iniciou com os juros em 25,5%, que foram elevados para 26,5% já no segundo mês do governo de Luiz Inácio Lula da Silva Lula. O percentual foi mantido até maio, quando o Copom deu início aos cortes graduais e sucessivos, após sinais de que a política econômica austera estava tento efeitos sobre o controle da inflação.
Apesar de esperada por boa parte dos analistas de mercado, a decisão desagrada aos empresários. O presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Armando Monteiro Neto, havia dito, nessa terça, que o corte de um ponto seria "uma grande frustração".
Outro fator que torna a decisão do Copom frustrante são os dados de inflação, que mostram que os preços estão sob controle e poderiam dar espaço para uma atitude mais ousada sem que houvesse risco de um aquecimento da demanda superior à capacidade do setor produtivo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – índice que serve de base para o cálculo das metas de inflação – ficou em 0,34% em novembro. Neste mês, a tendência de preços desaquecidos se manteve até agora. Na primeira quadrissemana de dezembro, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontou inflação de apenas 0,22% em São Paulo. Já a Fundação Getúlio Vargas divulgou que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) – principal índice de preços no atacado – subiu apenas 0,27% na primeira prévia de dezembro.
O corte de um ponto, entretanto, era defendido pela maioria dos analistas de mercado, segundo boletim semanal divulgado pelo Banco Central (BC) nessa segunda. Para esses analistas, seria adequado que o BC observasse os efeitos dos últimos cortes das taxas de juros antes de tomar decisões mais ousadas.
Como de costume, o Copom justificou o corte dos juros de acordo com a trajetória da inflação. Os detalhes da decisão serão conhecidos na quinta da próxima semana, na ata do Copom.
– Tendo em vista a convergência da inflação para a trajetória das metas e as perspectivas favoráveis para a evolução da atividade econômica, o Copom decidiu, por unanimidade, fixar a taxa Selic em 16,5% ao ano, sem viés – informou o Copom, em nota do BC.
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