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Copom pode cortar 1,5 ponto da Selic na última reunião do ano

Otimismo toma conta do governo e até Alencar elogia política econômica

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar nesta quarta, dia 17, ao final da sua última reunião do ano, um corte entre um e 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia – a Selic, hoje em 17,5% ao ano. Nos últimos seis meses, a taxa acumula baixa de nove pontos percentuais. Se for confirmado mais este corte, os juros irão a níveis vistos pela última vez entre março e abril de 2001, quando a Selic estava em 15,75% e 16,25%, respectivamente.

Na véspera da decisão do Copom, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) pressionou por uma decisão ousada do Banco Central. Para o presidente da entidade, Armando Monteiro Neto, a convergência da inflação para as metas estipuladas permite uma redução em dois pontos percentuais na Selic.

– O corte de um ponto seria uma grande frustração. Eu aposto em dois pontos. Há espaço para isso – disse ele, em Brasília, onde a CNI fez um balanço do primeiro ano do governo Lula.

Não é essa, entretanto, a aposta do mercado. A maioria dos analistas previa, até a última sexta, um o corte de só um ponto na Selic. No entanto, as cinco instituições financeiras que mais acertam as previsões macroeconômicas apostavam em uma queda de 1,5 ponto. Nessa mesma tendência, os contratos de juros futuros estão sendo negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) desde essa segunda com juros abaixo de 16,5% ao ano. Ou seja, uma boa parte dos investidores já começa a se posicionar para um corte de 1,5 ponto.

Nem mesmo a divulgação de um levantamento da consultoria Global Invest de que a taxa de juro real da economia brasileira atingiu em novembro 11,4% ao ano, seu maior patamar do ano, tirou o otimismo do governo. O resultado mantém o Brasil pelo segundo mês consecutivo como o país que tem a segunda maior taxa de juro real do mundo, atrás apenas da Turquia (15,3% ao ano).

Em Montevidéu, onde participou da reunião de cúpula do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a fase tenebrosa, de incertezas e do medo acabou no Brasil. Segundo ele, o país vai crescer em 2004 até mais do que alguns institutos de pesquisa apostam, mas não fixou qual seria esse percentual de crescimento. Lula disse ainda que a economia brasileira precisa crescer rapidamente para gerar emprego e distribuir renda.

Enquanto isso, no Brasil, depois de passar o ano criticando as altas taxas de juros brasileiras, o presidente em exercício José Alencar defendeu nesta terça a atuação do governo na área econômica e disse que já se pode enxergar um novo tempo com mais investimento na área social. Alencar disse que os juros ainda vão ter de baixar muito e que terão de se tornar compatíveis com as taxas cobradas no mercado internacional.

– Mas isso é o óbvio ululante. É preciso que vocês parem de ficar admirados quando alguém fala de juros. Era bom que os 180 milhões de brasileiros falassem – afirmou Alencar, ao reforçar que nunca criticou as decisões do Copom e que sempre achou que elas foram técnicas e corretas.

A primeira etapa da reunião do Copom foi realizada nesta terça, dia 16. Nela foi feita uma análise da conjuntura econômica e somente nesta quarta os membros do comitê, formado pelo presidente e por diretores do BC, anunciam a decisão sobre a taxa básica de juros.

 
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