O economista Álvaro Vidigal disse nesta quarta, dia 17, em entrevista à Rádio Gaúcha, que acredita num corte de um ponto percentual na taxa básica de juros do Banco Central (BC). O Comitê de Política Monetária (Copom) encerra no final da tarde desta quarta o segundo e último dia de reunião que vai definir o patamar da taxa Selic, atualmente em 17,5%. Segundo o especialista, apesar das expectativas de cortes de até dois pontos, o BC deve adotar uma postura conversadora, como vem fazendo nos últimos meses.

– Acho difícil cair mais, 16,5% é um número conservador e o Banco Central procura ser conservador para não exagerar na dose e não criar uma expectativa negativa em relação ao dólar e outras coisas. Se cair muito o juro, pode criar uma desconfiança e haver uma corrida para dólar – disse Vidigal.

Para ele, a taxa de 26,5% praticada até maio foi uma catástrofe para a economia e seus efeitos foram sentidos até setembro e outubro deste ano.

– Nesse patamar de juros (16,5%, como prevê) começa a aparecer investimentos de novo. Ninguém vai investir num país onde, confortavelmente, quem investe em título público ganha 26,5%. Quando chega a 16%, começa a virar uma alternativa interessante voltar a investir para o empresário – afirma.

O economista diz que recuperação da economia é lenta porque não há renda. Ele alerta para o estrangulamento dos rendimentos da classe média.

– Para a economia decolar é preciso um pouco mais de tempo e um pouco mais de juro baixo para criar empregos e a roda começa a andar – explica Vidigal.

Na visão do especialista, crescer 3,5% ou 4% em 2004, como prevê o governo federal, não é difícil porque "estamos partindo de uma base muito ruim". Ele acredita que a tarefa mais difícil é manter o crescimento depois do ano que vem.