| hmin
Os presidentes dos países do Mercosul encerraram a cúpula semestral do bloco nesta quarta, dia 18, no Paraguai, reiterando que sua prioridade é a integração da América do Sul e não a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Os presidentes prometeram passar das declarações retóricas para a ação, renovar a harmonização macroeconômica e concretizar o sonho de um mercado comum do Cone Sul para 2006.
– Primeiro consolidaremos o Mercosul e depois veremos quais perspectivas internacionais se abrem. Eu não gosto de ser fundamentalista nos temas, mas minha prioridade é trabalhar na forte integração da região sul-americana, sem descartar a União Européia, os Estados Unidos, e os outros países do mundo como eventuais sócios comerciais – disse o presidente argentino, Néstor Kirchner, ao ser questionado sobre o desenvolvimento de eventuais negociações na Alca.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concordou com o colega argentino ao enfatizar que a América do Sul é a principal prioridade do bloco comercial. Ele anunciou que será com essa premissa que vai se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na próxima sexta, em Washington.
– É impossível que um presidente do Brasil ou de qualquer outro país sul-americano tenha um diálogo com o presidente dos EUA sem colocar a questão do Mercosul ou da América do Sul. O Mercosul está no centro da estratégia brasileira de inserção no mundo – enfatizou Lula.
A decisão de fixar para 2006 a data para construir um mercado comum que negociaria em bloco a Alca vai de encontro com a intenção de Washington de colocar em funcionamento a área continental em janeiro de 2005.
– Se olharmos no tempo histórico, essa diferença não é tanta. Além disso, os tempos vão fixar a realidade e não uma simples decisão de calendário. Em segundo lugar, não acredito que temos de estar submetidos nem ao tempo nem a datas determinadas ou impostas – afirmou Kirchner.
Kirchner e Lula participaram da cúpula junto com os presidentes do Paraguai, Luis González Macchi, e do Uruguai, Jorge Batlle. Também estiveram presentes os presidentes do Chile, Ricardo Lagos, e da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Losada, cujos países são membros associados do Mercosul.
O presidente da Venezuela, Hugo Chavéz, participou como convidado. O país negocia com o Mercosul para formar até o final do ano uma zona de livre comércio associada. Um dos propósitos de médio prazo do Mercosul é incorporar os integrantes da Comunidade Andina de Nações (CAN) – formada por Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia – para criar um bloco sul-americano.
– Nossa presença na cúpula é um poderoso sinal que fortalece nossa intenção de que a Venezuela se torne um país membro do Mercosul – disse Chávez antes do encontro.
A cúpula deu sinais de reativação do bloco, que atravessou anos críticos desde a desvalorização do real em 1999 e o colapso da economia argentina em 2001 e 2002.
– Nossa gente e o mundo inteiro estão esperando uma mudança significativa e uma sensação de avanço concreto – disse, diante de seus colegas, o presidente paraguaio, Luis González Macchi.
No final da década passada, a Argentina solicitou uma permissão especial para reduzir a tarifa comum de 14% para 0% para a importação de bens de capital.
– Estamos conscientes que o Mercosul atravessou uma crise de confiança. Estamos conscientes que internamente existiram restrições impostas pela discrepância nas políticas macroeconômicas e também por mudanças abruptas na paridade das moedas. Assim, pode-se contar com nossa mais decidida participação neste processo de consolidação. Podem também contar conosco para trabalhar para aperfeiçoar a Tarifa Externa Comum de entre 14% e 15%, que foi deixado de lado pela Argentina – disse o presidente argentino.
O Chile também advertiu que o bloco precisa passar das palavras para a ação e estabelecer a disciplina macroeconômica.
– Por que ter tarifas comuns entre todos se um país desvaloriza sua moeda em 100%? Isso sim são terremotos – disse o presidente chileno, Ricardo Lagos, a seus colegas.
Um dia antes do encontro, os ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais renovaram a idéia de alcançar as metas macroeconômicas estabelecidas em 2000, ano anterior ao colapso da economia argentina. Kirchner propôs a criação de um instituto monetário que coordene as políticas e no futuro desenhe uma moeda regional única.
Uma das principais conquistas da cúpula foi o reconhecimento de que Paraguai e Uruguai são países de menor desenvolvimento relativo, além do estabelecimento de um plano comercial de investimentos para a Bolívia.
As informações são da agência Reuters.
© 2009 clicRBS.com.br ? Todos os direitos reservados.