| 15/05/2003 10h50min
Tido pela oposição como "fantoche" do atual presidente Eduardo Duhalde, o recém-eleito chefe de Estado da Argentina, Néstor Kirchner, deve consolidar as bases do governo ainda vigente depois do 25 de maio, dia em que assume o posto máximo da política daquele país. As bases centrais da administração Duhalde serão mantidas. O ministro da Economia, Roberto Lavagna, foi o primeiro a ser confirmado. Mais do que uma manobra eleitoral – Lavagna é visto como sinônimo de estabilidade no país –, a nomeação do economista pode dar razão às críticas dos opositores, os quais afirmam que o presidente Duhalde continuará a dar as cartas à sombra do líder eleito.
Néstor Kirchner se diz um moderado. Propõe um modelo intermediário entre o neoliberal e o estadista. Foi bem aceito pelos industriários, mas recebido com restrições pelos banqueiros. Defende um pacto social e promete um governo de consenso. Especula-se que membros de partidos oposicionistas façam parte do novo governo, ainda que de forma discreta e distante da administração.
Um dos principais adversários de Kirchner no primeiro turno das eleições, apontado inlusive como um dos donos das vagas da segunda etapa do pleito, o economista Ricardo López Murphy, confirmou um apoio "brando" ao novo presidente. Murphy não quer acordos, nenhum tipo de aliança, mas promete não atrapalhar: garante trabalhar para assegurar a governabilidade no país.
O novo governo poderá estar formado depois de uma dança das cadeiras. Rumores circulam pelas ruas argentinas, levantando a possibilidade de Kirchner deslocar atuais ministros para outras pastas. Ginés González García deve ser mantido à frente do Ministério da Saúde e Aníbal Fernández sairia do extinto Ministério da Produção (absorvido pelo da Economia) para ocupar o cargo de ministro do Trabalho. José Pampuro, atual secretário Geral da Presidência também disporia de uma pasta. Não se sabe, entretanto, se Pampuro aceitaria.
Kirchner reservará aos seus mais chegados aliados os Ministérios da Fazenda, de Obras Públicas e a Procuradoria Geral do Tesouro. Um desses cargos deve ser oferecido a Julio De Vido, ex-secretário de Fazenda da província de Santa Cruz. O Ministério do Desenvolvimento Social, seguramente, recairá nas mãos da irmã de Kirchner, Alicia Kirchner. O atual chefe de campanha Alberto Fernández, pode ser o chefe de Gabinete ou o secretário Geral da Presidência.
Além de pegar uma Argentina mergulhada em cinco anos de recessão econômica, Kirchner terá de enfrentar uma das maiores ondas de descrença política da história do país. E passará a encarar no próximo dia 25 o peso de ter sido levado à Presidência por uma renúncia. Embora a vitória de Néstor Kirchner fosse tida como certa e esmagadora, a saída de Menem enfraqueceu a figura do novo presidente.
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