| 28/04/2003 21h28min
Na tentativa de fazer com que os oposicionistas aceitem o projeto de reforma da Previdência, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que tem autorização do presidente não só para expulsar os parlamentares "infiéis" como também afastar ministros que se posicionarem contra o texto.
Durante encontro com deputados petistas nesta segunda, dia 28, Dirceu disse vai procurar os ministros do PT, além de Agnelo Queiroz (Esportes - PCdoB) e Miro Texeira (Esportes - PDT) para exigir apoio às reformas. Caso contrário, o Executivo será obrigado a promover reformas internas.
Segundo Dirceu, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai procurar os ministros para mostrar a necessidade de defesa da proposta. Segundo ele, toda a bancada governista terá que fechar posições favorável a reforma da Previdência.
O governo tem passado por momentos difíceis na tentativa de conseguir apoio para a reforma, que deve chegar ao Congresso ainda esta semana. A pior batalha está ocorrendo dentro do próprio do PT. Esta segunda foi um dos dias mais delicados para os governistas.
A tensão chegou a tal ponto que Dirceu, o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, e os parlamentares que estão do lado do governo ameaçaram os radicais que se opõem ao projeto de expulsão. Os descontentes serão afastados de postos de liderança e de participações em reuniões de comissões na Câmara e no Senado. Os alvos principais das ameaças são a senadora Heloisa Helena e o deputado Lindbergh Farias, que corre o risco de perder o posto de vice-líder na Câmara. Também na mira estão os deputados Babá, Luciana Genro e Ivan Valente.
O que causou mais revolta no campo majoritário foi a atitude de Heloisa Helena e Lindbergh Farias, que no fim de semana se encontraram com Leonel Brizola, presidente do PDT, cujo diretório já havia decidido se opor a taxação dos servidores inativos, que consta do projeto de reforma da Previdência. Os três decidiram organizar atos públicos contra as reformas além de entrar na Justiça contra a campanha publicitária divulgada pelo governo federal.
Apesar de bate-boca interno, o líder do governo na Câmara acredita na possibilidade de aprovação da proposta mesmo sem o aval dos radicais. Aldo Rebelo disse que as posições contrárias são minoritárias e garantiu que na hora da votação vai cobrar unidade da base aliada. Um pouco mais otimista está o secretário geral da Presidência, Luiz Dulci, que, além da unidade, também acredita ainda ser possível convencer os dissidentes.
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