| 16/12/2002 22h30min
Manifestantes da oposição bloquearam algumas ruas, avenidas e vias expressas de Caracas nesta segunda, dia 16, aumentando o nível de tensão no 15 dia de greve geral convocada para tentar obrigar o presidente Hugo Chávez a renunciar ou convocar eleições antecipadas.
A paralisação, entretanto, começa a se esvaziar e fica cada vez mais evidente que o apoio que a Central de Trabalhadores de Venezuela (CTV) e a Fedecámaras (organização que congrega o empresariado) vêm recebendo se restringe apenas a setores mais ricos e favorecidos do país, além dos meios de comunicação privados. Nesta primeira tentativa de bloquear o transporte e o trânsito de veículos não houve incidentes graves entre piqueteiros e a polícia. Apenas na via expressa Prados del Este, que liga o centro da cidade à região leste de Caracas, a polícia metropolitana, sob intervenção do governo, disparou algumas bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestante, poucos minutos depois do fim do período de bloqueio determinado pela oposição, entre as 6h e 13h (8h e 15h de Brasília).
Com o transporte público (ônibus e as três linhas do metrô) em pleno funcionamento, alguns bairros mostram total e absoluta normalidade. Na Praça da Candelária, onde foram registrados incidentes nas duas últimas noites entre manifestantes favoráveis a Chávez e contra o presidente, todo o comércio funcionou desde as primeiras horas da manhã desta segunda.
A greve se transformou em uma disputa pelo controle da estatal petroleira PDVSA, responsável por 80% das exportações do país. Antes da paralisação, a Venezuela exportava 2,7 milhões de barris diários de petróleo e derivados, o quinto maior volume mundial. O governo acusa os grevistas da PDVSA de estarem "sabotando" o país, já que a produção e o embarque do produto diminuíram sensivelmente.
O presidente – que completa a metade de seu mandato em agosto de 2003 – tem acusado seus opositores de golpistas. Chávez justifica que a convocação de eleições antecipadas violaria a Constituição. Na semana passada, o governo americano renovou o apelo ao governo da Venezuela para antecipar as eleições para solucionar a crise de forma pacífica. Em uma entrevista a jornais americanos, Chávez disse que só renunciaria se a violência e os problemas econômicos tornassem a Venezuela ingovernável. Ele disse porém que o pior da greve geral já passou.
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