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 | 16/08/2002 08h37min

Minirreforma tributária divide Lula e Ciro

Quatro dias antes do encontro do presidente Fernando Henrique Cardoso com candidatos a sua sucessão, os dois presidenciáveis de oposição que dividem a liderança nas pesquisas de intenção de voto divergiram nessa quinta, dia 15, sobre o principal ponto estudado pelo governo para recuperar a receita: a minirreforma tributária. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acenou com a possibilidade de a bancada do partido no Congresso apoiar um esforço para aprovar a proposta. Já Ciro Gomes (PPS), por meio de sua assessoria, disse que não só não apóia a idéia como tem um outro projeto de reforma para ser enviado ao Congresso em janeiro de 2003, se eleito.

– Queremos dizer ao presidente que ele não pode esperar as eleições para que em janeiro alguém faça alguma coisa que ele pode fazer já – disse Lula em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha. Insistindo que a única saída para o Brasil é voltar a crescer, Lula criticou a condução da política econômica nos últimos anos e as associações que analistas fazem entre as turbulências no mercado e as candidaturas de oposição.

– O que o governo está fazendo é como um técnico de futebol culpar a torcida pela derrota de seu time – comparou.

Nesse contexto, Lula descartou qualquer possibilidade de manter o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, caso seja eleito.

– Isso é falta de assunto. Queremos mudar o modelo econômico e com isso mudaremos as pessoas.

Lula disse que não conhece todos os termos do acordo do Brasil com o FMI, mas admitiu que se for presidente pode usar as cláusulas que prevêem revisões periódicas para defender adequações à realidade do país:

– Veremos o que vamos exigir, o que vamos decidir fazer, pois temos interesse em que o Brasil saia ganhando nas mesas de negociação.

Ciro, por sua vez, lembrou que Fernando Henrique está terminando o último ano de seu segundo mandato e em nenhum momento houve esforço do governo para aprovar a reforma tributária ou os projetos sobre o tema que já tramitam no Congresso. Disse que, se eleito, fará uma reforma tributária ampla. O projeto defendido pelo candidato do PPS consiste, basicamente, em reduzir o número de impostos existentes para aproximadamente cinco tributos, desonerando os setores produtivos e a folha de pagamento das empresas.

– Minirreforma, não – afirmou o candidato, por meio de assessores.

O governo busca o apoio dos candidatos para a edição, no dia 31, de uma medida provisória para pôr fim à cumulatividade do PIS/Pasep e do Cofins, impostos cobrados sobre o faturamento das empresas e que incidem sobre todas as etapas da produção. A MP irá a votação no Congresso. Ciro, no entanto, gostou das declarações e do posicionamento de FH. Em conversas com assessores, afirmou que o presidente “agiu como alguém que está jogando para tranqüilizar o mercado”. No encontro com Fernando Henrique, marcado para segunda-feira, Ciro deverá dizer que pretende rever pontos do acordo com o FMI, entre eles a revisão da meta de superávit primário de 3,75%.

Mais informações sobre candidatos, partidos, pesquisas, regras e números eleitorais no especial Eleições 2002.

 
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