| 30/07/2002 14h04min
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, afirmou nesta terça-feira, 30 de julho, por meio de uma assessora, que não teve a intenção de fazer referência à corrupção no governo do Brasil com declarações sobre fuga de capitais para bancos suíços de países da América Latina, após a obtenção de empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O'Neill procurou esclarecer que, quando se referiu ao problema da fuga de capitais, quis mencionar particularmente a Argentina e o Uruguai, que vivem problemas "agudos" em suas economias nos últimos meses.
– O Brasil demonstrou sua capacidade de usar de forma eficaz a assistência internacional, afirmou a subsecretária do Tesouro para Informação Pública, Michele Davis, em entrevista ao jornal Washington Post. Na entrevista, Michele disse também que o Tesouro norte-americano apóia as conversações que o governo brasileiro mantém com o FMI.
As declarações de O'Neill levaram o presidente Fernando Henrique Cardoso a ordenar a convocação da embaixadora dos Estados Unidos, Donna Hrinak. FH disse que espera um pedido de retratação formal do secretário de Tesouro. O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, foi instruído a chamar Donna. FH deixou claro que o governo poderá se recusar a receber O'Neill na próxima semana.
As declarações de O'Neill deixam o governo em situação delicada. Primeiro, a suspeita do secretário do Tesouro sobre o destino dos empréstimos concedidos por organismos internacionais deixou ainda mais instável a economia. Segundo, as declarações surgem quando o Brasil negocia novo acordo com o Fundo. Na próxima semana, tudo o que o governo esperava extrair de O'Neill era o apoio público a um novo acerto com o FMI.
Pouco antes de receber as instruções do presidente da República, Lafer disparava duras críticas às declarações de O'Neill. O chanceler enfatizou que o governo trata das contas públicas e dos recursos recebidos do FMI e outros organismos internacionais com "absoluto zelo, com absoluto cuidado e com a preocupação de gestão macroeconômica".
As informações são da Agência Brasil e de Zero Hora.
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