| 13/06/2002 12h11min
A cotação do dólar recuou na abertura do mercado na manhã desta quinta-feira, 13 de junho, e a moeda foi negociada no mercado paulista a R$ 2,705 para compra e R$ 2,715 para venda, uma queda de 3,04% na comparação com o fechamento desta quarta. Ontem, a moeda norte-americana fechou em R$ 2,80 para venda, 3,24% superior ao valor da terça-feira. A cotação de ontem só é inferior, no Plano Real, à de 21 de setembro passado, quando atingiu R$ 2,84 com o impacto dos ataques terroristas nos EUA.
A manhã desta quinta-feira ainda registra queda no risco-país brasileiro, que voltou a ficar atrás de Equador, Argentina e Nigéria. Às 10h, o índice estava em 1.214 pontos. Nesta quarta, o número, que mede a confiança dos investidores estrangeiros em um país, chegou a superar os 1.300 pontos e bater o Equador, que declarou moratória em 1999.
Analistas atribuem a queda da cotação do dólar ao possível anúncio de que o Brasil sacará US$ 10 bilhões a que tem direito no Fundo Monetário Internacional (FMI) para reforçar suas reservas. Em princípio, o dinheiro não seria utilizado para conter o dólar. US$ 5 bilhões já estão disponíveis e mais US$ 5 bilhões poderão ser sacados no final do mês.
Nesta quarta, o ministro da Fazenda Pedro Malan discutiu o nervosismo do mercado com Fernando Henrique Cardoso e com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que está em Washington. A volta das turbulências nos mercados levou o governo a intensificar contatos com banqueiros e investidores. O objetivo é assegurar que os fundamentos da economia estão sólidos e não há razão para incertezas. O ministro da Casa Civil, Pedro Parente, afirmou, sem detalhes, que o governo dispõe de instrumentos que serão usados, se necessário. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sergio Amaral, disse que as incertezas estão restritas ao mercado financeiro e não atingem o setor produtivo.
O BC inovou nesta quarta-feira em sua estratégia para tentar conter o dólar com uma operação que oferecia proteção contra a alta da moeda para 2003 e 2007. Em troca, os investidores tinham de assumir o risco cambial com vencimento em 2004. Esse tipo de operação, conhecida como “borboleta”, é comum entre bancos, mas nunca tinha sido usada pelo BC. Os números da operação assustaram mais o mercado financeiro. Apenas 5.255 contratos de um total de 12,5 mil foram vendidos a taxa de 13%, considerada alta, elevando o temor sobre a incapacidade do governo de rolar sua dívida. Os investidores que antes recusavam comprar títulos que venciam em 2003, na próxima gestão presidencial, agora evitam até os que têm vencimento neste ano, ante a aparente insegurança do BC.
O BC divulgou ontem que o fluxo cambial do país foi positivo em US$ 150 milhões na terça-feira. No acumulado do mês, o BC registra fluxo cambial positivo de US$ 600 milhões. Analistas atribuem a forte onda de pessimismo no mercado financeiro a fatores técnicos e conjunturais. A crise das Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), a continuidade dos saques nos fundos de renda fixa e DI e o fluxo negativo de moeda estrangeira, são alguns motivos técnicos apontados. As incertezas eleitorais decorrentes da possível alternância no poder estão entre os fatores conjunturais.
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