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Relatório do banco norte-americano JP Morgan divulgado nessa segunda, dia 10, afirma que a disparada do risco-país reflete muito mais a crise da rolagem da dívida interna do que o quadro pré-eleitoral. A fragilidade do real deve continuar após o fim da turbulências no mercado, estima a instituição. O banco prevê o dólar a R$ 2,60 no fim do mês e a R$ 2,70 no final de setembro, véspera das eleições. Depois do pleito, deve cair para R$ 2,50 até o fim do ano.
Ontem, o dólar comercial caiu 0,04%, fechando a R$ 2,636 para venda. Neste mês, a moeda teve valorização de 4,81%. No ano, de 13,81%. A Bolsa de São Paulo reagiu com alta de 2,58%. O risco-país caiu 2,62%, para 1.150 pontos. Os últimos dados econômicos – balanço de pagamentos, a inflação e as contas públicas – não mostram piora nos fundamentos econômicos, diz o banco. O quadro pré-eleitoral também tem papel pequeno na deterioração do câmbio e do risco-país. O câmbio, para o JP Morgan, reflete o nervosismo em relação aos fundos de investimento, que perderam dinheiro com a mudança das regras, e a crise da rolagem da dívida.
Os fundos de renda-fixa e DI são os maiores detentores de títulos da dívida interna. Os títulos com vencimento após 2003 vêm se depreciando ante as incertezas sobre a política econômica do novo governo, seja qual for. Embora o Banco Central (BC) tente antecipar os vencimentos desses títulos com operações de troca de papéis de 2004, 2005 e 2006 por outros de 2003, a medida gera preocupação sobre a “herança” do novo presidente, que terá muitos vencimentos da dívida logo no início de seu mandato.
O banco espera que as turbulências com os fundos se acalmem, mas a cotação do dólar deve permanecer alta. O JP Morgan ressalta que o Brasil ainda tem um dos maiores déficits em conta corrente do mundo que, somado às amortizações da dívida externa, deve atingir US$ 48,4 bilhões este ano. O JP Morgan considera que o BC enfrentará um dilema na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), dias 18 e 19, mas acredita na manutenção da taxa de juros em 18,5% ao ano.
O comitê de classificação da SR Rating rebaixou a nota de classificação de risco de crédito da dívida interna de BB+ para BB-. A principal razão foi a piora nas condições de refinanciamento da dívida pública mobiliária federal. O perfil da dívida encurtou fortemente na última semana, com os leilões de troca de títulos públicos com vencimento entre 2004 e 2006, por papéis que vencem no primeiro trimestre de 2003.
O atual nível da nota (rating) referente às obrigações em moeda local significa estar o país no escalão inferior da classe de “risco mediano” e com “capacidade apenas moderada” de cumprir obrigações. A SR Rating diz que o rebaixamento do rating da dívida interna é preventivo, face à concentração da dívida mobiliária em período politicamente delicado – o início de novo mandato presidencial.
Os vencimentos no primeiro trimestre de 2003, o primeiro do novo governo, subiram de R$ 14,9 bilhões, com as operações de troca de títulos da semana passada (de R$ 20,6 bilhões), para atingir cerca de R$ 30 bilhões. Além disso, os vencimentos para julho a dezembro deste ano, de títulos não-cambiais, passaram a representar em torno de R$ 70 bilhões, ante R$ 42 bilhões da previsão anterior.
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