O impasse em torno do acordo entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) preocupa o governo brasileiro, que antevê repercussões negativas na economia do Brasil, como já ocorre com o Chile e o Uruguai. A dificuldade de entendimento entre os vizinhos e o Fundo pode ser medido pelo fato de autoridades econômicas dos EUA terem chegado a propor que o Brasil coordenasse um pacote de ajuda financeira aos argentinos, com os demais países americanos. Mas uma fonte de área econômica afirma que o Brasil não tem condições de dar essa ajuda financeira. Pode pressionar os países ricos e os organismos multilaterais de crédito e tentar ampliar o comércio bilateral.

Segundo o economista brasileiro, houve uma mudança radical na postura do governo norte-americano, constatada a partir do momento que George W. Bush assumiu a presidência. E a Argentina é o primeiro grande teste. Esse cenário deixa apreensivo o governo brasileiro. Para ele, os acontecimentos políticos na Argentina, na Venezuela e na Colômbia, aumentaram o risco de contágio para o Brasil.

O que mais preocupa o governo brasileiro é a hipótese de que a Argentina não receba a ajuda do FMI. Para o governo, não existe mais tanta disponibilidade de dinheiro no mundo como em outubro de 1997, na época da crise asiática, quando se montou uma megaoperação de ajuda financeira a países como Tailândia e Coréia do Sul. Também não há mais espaço para o que ocorreu em 1998, quando países ricos e os organismos internacionais levantaram US$ 41,5 bilhões para ajudar o Brasil a sair da crise.

Na reunião que teve com os presidentes dos países do Mercosul (além do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), do Chile e da Bolívia há cerca de uma semana, em Buenos Aires, o presidente Fernando Henrique Cardoso insistiu que a ajuda brasileira terá de ser comercial. Acabar com as restrições no comércio de automóveis e tomar medidas para aumento do intercâmbio bilateral estão entre as prioridades do Planalto.