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Educação Básica  | 26/10/2012 03h21min

"Outros professores desistiram daquela turma. Muitos acabam doentes", diz professora que discutiu com alunos em São José

Professora filmada discutindo em sala de aula afirma que exagerou ao falar palavrão

Atualizada às 15h04min Gabriela Rovai  |  gabriela.rovai@diario.com.br

Professora desde 1991, Lígia Nascimento leciona para a turma da noite na qual o vídeo foi gravado e para outras seis turmas de 7º ano do ensino fundamental. Segundo ela, nunca teve problemas com os alunos menores. A professora de matemática foi filmada em sala de aula discutindo com alunos e acabou afastada temporariamente da turma.

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Os alunos são do 2º ano e estudam à noite na Escola Municipal Maria Luiza de Melo, em São José, Grande Florianópolis. A suposta agressão verbal aconteceu semana passada e veio à público nesta quinta-feira, por meio de um vídeo gravado em sala de aula pelos próprios alunos.

Confira a entrevista com a professora de matemática:

Diário Catarinense — O que aconteceu na sala de aula, professora?
Lígia Nascimento — Primeiro gostaria de dizer que estou muito decepcionada. Não autorizei a filmagem do vídeo. Foi colocado indevidamente na internet. Nem sabia que eles (alunos) estavam gravando. No vídeo só aparece o que interessa para eles. A parte que pedi para a Juliana (aluna retirada da sala) desligar o computador não saiu. Os alunos começaram a tirar sarro. Pedi "por favor" várias vezes para ela desligar. Ela responde grosseiramente que não estava na internet. Não consegui dar aula de tanta bagunça.

DC — A senhora já teve problemas com essa turma?
Lígia — Tem professor que desistiu de trabalhar naquela turma. Não suportam mais. Os professores sofrem todo tipo de ataque. É a pior turma. Os alunos não respeitam, fazem baderna, conversam durante a aula e são unidos nisso. Não permitem que o professor trabalhe. E nós temos um conteúdo para cumprir.

DC — A senhora acha que exagerou ao falar o palavrão para a aluna?
Lígia — O problema todo é que toda atitude implica numa reação. A atitude de todos de faltar com respeito, chega uma hora que a pessoa explode. Tenho hábito de falar com força sobre a responsabilidade dos pais. Me passei falando o palavrão, mas se não falasse, teria uma síncope cardíaca. Os outros professores desistiram. Muitos acabam doente. E o aluno marginal, desordeiro vai ganhando com isso. E o colégio perdendo para o traficante que está ali na rua. Cada vez mais aumenta a incidência de crimes entre adolescentes, de modo geral. Os pais e a escola perderam a autonomia.

DC — O que a senhora achou de ser afastada?
Lígia — Deixaram a meu critério ficar ou não. Sei que os alunos foram incitados a fazer a filmagem pela mãe de uma das alunas. Foi esta aluna que gravou o vídeo. A mãe dela trabalha no colégio e teve uma briga feia comigo no dia anterior ao vídeo. Ela foi discutir comigo e perguntar por que a filha estava indo mal em matemática. Eu disse: pergunta para ela, quem sabe ela não está estudando.

DC — Por que a senhora é professora?
Lígia — Porque gosto muito da minha profissão.


Assista ao vídeo gravado pelos alunos:


Não está conseguindo assistir ao vídeo? Clique AQUI.

DIÁRIO CATARINENSE

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