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 | 30/09/2009 05h11min

Pelas ruas: bombeiros contam como se arriscaram para retirar carro do Dilúvio

Dois soldados tiveram que atuar no arroio sem material adequado

Atualizada às 05h11min

Os três bombeiros que retiraram um Fiat Uno do Arroio Dilúvio na segunda-feira enfrentaram condições adversas como o frio, a correnteza e a possibilidade de se cortar com os objetos que são jogados no arroio. O trabalho seria uma atribuição do 1º Grupamento de Busca e Salvamento (GBS), mas as equipes do grupo estavam na Barragem do Salto, em Canela, no momento do chamado, de acordo com o sargento Paulo Roberto Biachi. Por isso, dois soldados da Estação de Bombeiros Açorianos iniciaram a ação.

O Fiat Uno furtado ficou submerso no Arroio Dilúvio, na Avenida Ipiranga, após a Rua Silva Só, próximo ao acesso ao supermercado Zaffari. O acidente ocorreu por volta das 21h45min de domingo e o veículo só foi retirado pouco depois das 12h30min de segunda-feira.

Antonio Ricardo Augusto, 38 anos, o primeiro a entrar na água, explicou sua participação no resgate:

— A remoção fica a cargo do guincho, mas os funcionários deles não estão preparados para uma ação como que realizamos na segunda-feira. Não é serviço nosso, mas nós fizemos a tarefa para evitar que alguém sem preparo se expusesse aos riscos da ação. Para nós, esse tipo de atividade é rotina. 

Confira em vídeo qual seria o material próprio para a ação:



Como o carro oscilava com a correnteza, o soldado utilizou um cabo para ancorá-lo.

— Fiquei em cima dele, para não me expor ao material que passa pelo Arroio Dilúvio. Por ali, passa até fogão, pneu, árvore, e tem o risco de se cortar. A roupa de neoprene é bem resistente, mas não elimina esse risco — contou Antonio, que estava com os pés descalços e cuidou para não colocá-los no chão, já que água à altura do peito.

Como somente o GBS tem roupas e material próprio para mergulho, Lúcio e Antonio tiveram que pegar suas roupas particulares para o trabalho. Ambos já trabalharam como salva-vidas no litoral gaúcho.

Antonio diz que, quanto mais próximo do rio, mais profundo é o arroio:

— Na altura do Praia de Belas Shopping, por exemplo, o carro com certeza seria levado pela correnteza, pois é bem mais fundo.

Lúcio Ubirajara Munhoz, 39 anos, também soldado da Estação de Bombeiros Açorianos, foi o segundo a entrar no arroio. Ele já trabalhou em ações similares, tendo resgatado um Fusca do Dilúvio em 1993.

— A temperatura e a correnteza foram as principais dificuldades da ação de segunda-feira. Nossa atividade é agir no fogo e na água, e por isso, tem que gostar muito para fazer essas tarefas.

Segundo Lúcio, os bombeiros passam por treinamentos periódicos e também praticam por conta própria esportes como o alpinismo e a natação, para estarem aptos a atender diferentes ocorrências. O terceiro a entrar em ação foi Clemir Pompeu Tavares, do GBS, que chegou mais tarde ao local.

Material ideal para ações no Arroio Dilúvio

As equipes de busca e salvamento contam com botas de borracha de solado grosso, e luvas e toucas de neoprene - material isolante térmico, que mantém a temperatura corporal -, segundo o soldado Gerson Meireles dos Santos, do GBS.

A chamada roupa seca de mergulho é mais apropriada para entrar em águas contaminadas, porque ela evita qualquer contato com a água.

De acordo com Meireles, durante o ano a divisão recebe um calendário de vacinação e divulga para os bombeiros. A lista inclui vacinas contra hepatite, tétano, febre amarela e gripe.

O oficial de serviço dos bombeiros, tenente Jari Josué Silveira da Silva, explicou que a força da correnteza e o volume da água atrasaram a retirada do automóvel. Por volta das 11h, a operação chegou a ser cancelada, mas, em seguida, a corporação voltou atrás.

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