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 | 02/05/2006 18h11min

Ministros vislumbram saída para Rodada de Doha

Setores de agricultura e bens industriais já deveriam ter sido negociados

Os ministros de Comércio do Brasil, dos Estados Unidos e da Austrália expressaram nesta terça, dia 2, otimismo sobre as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) para aprofundar os acordos
sobre a liberalização do comércio mundial, embora tenham admitido que dispõem de pouco tempo e necessitam de mais vontade política.

– Estamos em um momento crucial das negociações. Agora é preciso combinar dois elementos que parecem opostos: ambição e realismo – disse o chanceler Celso Amorim, ao final de várias reuniões em Genebra com alguns dos principais negociadores da rodada do Desenvolvimento de Doha.

Os 150 países da OMC intensificaram o processo de negociação em Genebra após o último revés da negociação, já que não foram atingidos os objetivos previstos nos setores da agricultura e de bens industriais até 30 de abril. Diante das divergências, os membros abandonaram esse prazo imposto para alcançar as fórmulas e modalidades para aprofundar as negociações sobre a liberalização do comércio dos produtos agrícolas e industriais mediante reduções de tarifas, entre outros.

Agora, após a reflexão sobre esse fracasso, os ministros parecem dispostos a tentar aproximar suas posições para conseguir um acordo em agricultura e bens industriais entre junho e julho, para dar tempo suficiente à negociação realizada na área de serviços, segundo fontes diplomáticas.

Os negociadores consideram que, para terminar a Rodada de Doha (lançada há quase cinco anos) no final de 2006, todos os acordos sobre os assuntos que estão na mesa devem estar concluídos até o dia 31 de julho.

– Estamos relativamente próximos em muitas áreas – indicou Rob Portman, Representante de Comércio dos EUA, ao final de uma reunião de mais de duas horas com o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que contou ainda com a participação de Susan Schwab, sua sucessora.

Portman deixará a condição de principal negociador comercial para assumir um novo cargo, o de diretor do Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca, após ser nomeado pelo presidente George W. Bush.

Já Celso Amorim afirmou durante uma entrevista coletiva que vislumbrava novas "flexibilidades" tanto por parte dos EUA como da União Européia (UE) em assuntos-chave como os cortes de tarifas alfandegárias e os subsídios em agricultura, embora tenha dito que estudará se elas serão suficientes ou não.

– De qualquer forma, que ninguém espere que os países em desenvolvimento reduzam mais no âmbito da indústria do que os desenvolvidos no da agricultura – declarou o chanceler brasileiro.

Grande parte das dificuldades está nas exigências de maiores concessões agrícolas que as nações pobres pedem aos grandes negociadores comerciais como UE e EUA, que, por sua vez, buscam em troca que grandes países em desenvolvimento – como Brasil e Índia – abram mais seus mercados de bens industriais.

Celso Amorim afirmou que a proposta feita pelo G-20, que reúne os países em desenvolvimento, é a melhor possibilidade para se conseguir um acordo. Já Portman e o ministro australiano de Comércio, Mark Vaile, emitiram um comunicado conjunto no final de suas reuniões, onde assinalaram que o acordo, "com o nível adequado de vontade política, está ao alcance dos países".

– Para que essa rodada avance, é necessário flexibilidade de todas as partes – declararam os dois ministros, que deram as boas-vindas às últimas declarações do principal negociador da UE e comissário de Comércio, Peter Mandelson, que disse que Bruxelas está preparada para reforçar sua oferta de acesso aos mercados agrícolas.

Vaile, em outra entrevista coletiva, indicou que "eles terão discussões cruciais nos próximos dois meses", e que nesse tempo "é possível que haja resultados".

AGÊNCIA EFE
 

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