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 | 23/02/2006 19h13min

Dia de violência deixa mais de 120 mortos no Iraque

Ataque ontem a santuário xiita desencadeou onda de atentados

Mais de cem árabes sunitas apareceram mortos em diferentes pontos do Iraque nas últimas horas, em uma perigosa escalada da violência sectária que até agora tinha como alvo principal a comunidade xiita iraquiana. Além destes mortos, mais de 20 pessoas também morreram em ataques, nos quais não ficou esclarecido se as causas teriam a ver com a disputa religiosa ou com a resistência iraquiana à ocupação externa.

O Partido Islâmico Iraquiano (PII), o principal sunita, assim como a Organização de Ulemás, máxima autoridade religiosa desta comunidade (20% dos iraquianos), anunciaram seu boicote às negociações para a formação de um Governo liderado pelos xiitas da Aliança Unida Iraquiana. O governo iraquiano decidiu suspender as permissões de todos os policiais e soldados diante da grande tensão vivida no país desde o ataque de ontem contra o mausoléu do imame Ali al-Hadi em Samarra, um dos 12 santuários mais sagrados para os xiitas de todo o mundo.

O medo de que ocorra um conflito sectário aberto é visível no Iraque, com religiosos de um e de outro lado que se acusam mutuamente pela deterioração da situação.

– A Organização de Ulemás do Iraque acusa autoridades religiosas xiitas específicas por ter convocado manifestações – disse hoje o porta-voz do grupo, Abdel Salam Al Qubaisi, referindo-se às declarações do grande aiatolá Ali Sistani, que pediu aos xiitas que se manifestem para condenar o ataque de Samarra.

Nas últimas 24 horas foram encontrados pelo menos 109 corpos de sunitas assassinados a sangue frio, alguns deles em episódios chocantes, como os 11 detidos da prisão de Basra que foram retirados à força de suas celas na noite passada e assassinados. O massacre mais recente é o da cidade de Nahrauan, ao leste de Bagdá, onde 40 corpos de sunitas foram descobertos em uma vala em uma estrada desta cidade, de população majoritariamente xiita.

Os grupos sunitas denunciaram a destruição de mais de cem mesquitas pertencentes a esta comunidade desde o atentado de quarta-feira contra o santuário de Samarra, que não deixou vítimas, mas destruiu completamente a famosa cúpula dourada da mesquita. Entre os corpos encontrados hoje estão os de um repórter e dois câmeras do canal de televisão saudita Al Arabiya, seqüestrados na quarta-feira perto de Samarra por um grupo de homens armados.

Os principais líderes políticos e religiosos iraquianos pediram aos iraquianos que se mantenham unidos e advertiram que o ataque contra o templo xiita tinha como objetivo "incitar um conflito ecumênico no país".

Em mais um episódio violento no Iraque, a explosão de uma bomba que estava escondida em uma carroça matou 16 pessoas, entre eles oito soldados iraquianos, em uma estrada em Baquba, capital da conflituosa província de Diyala.

AGÊNCIA EFE
 

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