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 | 01/11/2004 11h54min

Guerra e impostos monopolizam debate político nos EUA

Reaparecimento de Bin Laden agita últimos dias de campanha

A disputa entre o presidente dos Estados Unidos George W. Bush e o senador John Kerry nesta terça, dia 2, pelos votos dos 150 milhões de norte-americanos aptos a participar do pleito evidencia visões distintas sobre a condução de políticas específicas, especialmente em relação à política de impostos e à guerra contra o terror. Na última sexta, dia 29, a campanha foi agitada pela aparição do inimigo número 1 do país, o terrorista saudita Osama Bin Laden.

A disputa está tão acirrada que é difícil prever até mesmo qual será o impacto da aparição de Bin Laden. No vídeo divulgado pela emissora árabe Al Jazeera, o saudita aparece com dedo em riste e afirma que os atentados de 2001 não seriam tão graves se Bush estivesse alerta. Bin Laden também acusa Bush de “mentir” para os americanos, o que poderia favorecer Kerry. Mas uma de suas afirmações deixa a dúvida no ar:

– Sua segurança não está nas mãos de (John) Kerry ou de Bush ou da Al-Qaeda. Sua segurança está nas suas próprias mãos, e todo Estado (país) que não fizer mal à nossa segurança (dos muçulmanos) continuará seguro.

A guerra ao terror foi a principal pauta dos embates entre os dois principais candidatos à presidência dos EUA, país sacudido pelo mais ousado ataque terrorista já registrado – o lançamento de dois aviões de passageiros contra as duas torres do World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Cerca de 3 mil pessoas morreram no primeiro ataque em território norte-americano, que registrou ainda outras duas aeronaves seqüestradas no mesmo dia: uma atirada contra o Pentágono, sede do governo; e outra retomada pelos passageiros e derrubada na Pensilvânia, na cidade de Pittsburgh.

Os ataques foram atribuídos à rede terrorista Al-Qaeda, liderada por Bin Laden e ramificada em todo o mundo árabe. A identificação do responsável mobilizou a nação norte-americana para a uma guerra contra o terror. Ainda em 2001 os EUA invadiram o Afeganistão, país acusado de abrigar o terrorista saudita sob a ditadura religiosa dos Talebãs. Em março de 2003, o governo norte-americano declarou guerra ao Iraque, governado pelo ditador Saddam Hussein e acusado de desenvolver armas atômicas, químicas e biológicas, além de também proteger Bin Laden, que, no entanto, jamais foi capturado.

Bush, presidente pelo Partido Republicano desde janeiro de 2001, levou os EUA à guerra no Iraque sem a aprovação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), mas com voto favorável do senador democrata Kerry. Os dois divergem, entretanto, sobre a condução das invasões. Caso fosse o atual presidente, é provável que Kerry preferisse contar com o apoio de mais aliados para empreender a guerra, enquanto Bush já deixou claro que vai manter a guerra contra o terror com ou sem aprovação dos aliados.

No cenário interno, Bush conduziu uma política de cortes de impostos – beneficiando principalmente a parcela mais rica do país, historicamente identificada com o Partido Republicano – que levou os EUA a déficits fiscais recordes e eliminando mais de 2,5 milhões de empregos. Em um segundo mandato, o presidente promete reduzir o déficit pela metade.

Kerry acusa o oponente de estar aumentando a pobreza no país e vem prometendo “devolver o emprego aos americanos”, incentivando as pequenas e médias empresas e gerando 10 milhões de postos de trabalho. Ele defende o fim dos cortes de impostos para ricos e o aumento de isenções para pais com filhos na escola, além do combate à sonegação pelas grandes empresas.

No âmbito das relações comerciais, com a reeleição de Bush, a negociação de acordos comerciais tende a ganhar velocidade. Caso Kerry vença a disputa, o mercado norte-americano pode se fechar, mas países como o Brasil devem ganhar importância no cenário nas negociações multilaterais. Embora existam consensos entre os analistas, como a tendência de maior protecionismo democrata e a inclinação bélica dos republicanos, não há unanimidade na escolha do melhor candidato para o Brasil. A decisão norte-americana é importante para o país porque os Estados Unidos são o maior parceiro comercial do Brasil.

George W Bush representa a continuidade da política de gastos bélicos e pouco compromisso com o equilíbrio fiscal, o que pode ser bom para o Brasil e o resto do mundo a curto prazo. O presidente também tem se esforçado em fazer acordos bilaterais e obter licença do Congresso para negociar a Área de Livre Comercio das Américas (Alca) – pela Constituição dos EUA, disciplinar o comércio exterior é prerrogativa do Congresso.

No entanto, a própria política de guerra é um ponto nebuloso para os analistas: ninguém sabe até quando Bush vai manter a guerra, e o aumento do déficit americano pode desestabilizar a conjuntura econômica do mundo todo. Dados atuais mostram os déficits público e comercial ao redor de US$ 500 bilhões nos EUA, cifra que representa quase todo o Produto Interno Bruto brasileiro.

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