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 | 01/11/2004 11h07min

Eleição dos Estados Unidos pode repetir indefinição de 2000

Estado de Ohio poderá apresentar problemas na apuração neste ano

Mesmo depois de encerrada a votação, os cidadãos norte-americanos não têm previsão do tempo que precisarão aguardar para saber quem foi eleito para estar à frente da Casa Branca nos próximos quatro anos. Na eleição passada, a incerteza se prolongou por mais de um mês e só foi dirimida por decisão judicial controversa.

Enquanto no Brasil foram necessárias 27 horas para se conhecer o resultado oficial das últimas eleições presidenciais, nos Estados Unidos a espera se arrastou por 36 dias em 2000. Uma deliberação da Suprema Corte acabou dando a vitória ao republicano George W. Bush, apesar do democrata Al Gore ter conseguido 500 mil votos a mais na escolha popular. Os magistrados derrubaram a recontagem dos 43 mil votos da Flórida, Estado que expôs a fragilidade do sistema de votação norte-americano, considerado o país modelo de democracia no mundo.

Nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório e cerca de 150 milhões de pessoas estão aptas a escolher o presidente. Para poder participar do pleito, os cidadãos precisa se registrar. Diferente do Brasil, onde o voto é direto, nos Estados Unidos, a escolha do presidente e do vice é realizada através de representantes estaduais, conhecidos como delegados. No sistema de colégio eleitoral, os cidadãos dos EUA votam em John Kerry e George W. Bush, mas seus votos elegem delegados comprometidos com uma das chapas de candidatos à presidência. O número de representantes no colégio eleitoral é proporcional à população de cada Estado. Em todo o país, existem 538 delegados que representam 50 Estados.

Para vencer a eleição, o candidato precisa obter 270 votos do colégio eleitoral. Se ocorrer empate, com cada candidato obtendo 269 votos cada um, a decisão será tomada na Câmara dos Deputados. O novo presidente seria escolhido então entre os três candidatos mais votados na eleição, e o vice-presidente, pelo Senado entre os dois mais votados.

Mesmo por uma margem apertada, como ocorreu na eleição passada, os votos populares de um Estado definem a escolha dos delegados. O concorrente que vencer a disputa em um determinado Estado leva para o colégio eleitoral todos os delegados daquela localidade. Isso só não ocorre em Maine e Nebraska, onde os votos são divididos de acordo com a proporção obtida por cada candidato.

Em 2000, George W. Bush ganhou os 25 votos a que a Flórida tem direito no colégio eleitoral, o que foi decisivo para ganhar a eleição. O republicano venceu na Flórida por 537 votos. Num universo de 5.962.941 eleitores no Estado, o percentual de vantagem de Bush era de apenas 0,009%. Apesar dessa pequena diferença, o candidato republicano ficou com os votos de todos os delegados do Estado, fator determinante para a sua vitória na eleição.

Uma das questões que contribuíram para a tornar a Flórida o alvo das dúvidas sobre a legitimidade da eleição foi ausência de padrão de votação no país. Cada Estado define como o eleitor registrará a sua opção. Em alguns poucos lugares a votação ocorre com cédulas de papel marcadas com um X. Já várias jurisdições usam máquinas, nas quais os eleitores movem uma pequena alavanca próxima aos nomes dos candidatos. Conforme a Embaixada dos Estados Unidos, essas máquinas não são fabricadas há mais de 30 anos, portanto, sua manutenção é particularmente difícil e dispendiosa. Por isso elas estão sendo lentamente desativadas.

Outro equipamento comum é a máquina “perfuradora”. A cédula ou é um cartão onde orifícios ou depressões são feitas próximo ao nome do candidato, ou um cartão inserido em um suporte que o alinha com a imagem da cédula e, então, os orifícios são feitos. Uma grande proporção de votos na Flórida foi feita utilizando esse dispositivo. A manutenção era um item questionável, e a habilidade dos eleitores de efetuar orifícios perfeitos em suas cédulas era outro. Em algumas localidades, o modelo das cédulas confundiu os eleitores, especialmente os idosos, e pode ter resultado na votação em candidato contrário ao que o eleitor pretendia. Além disso, rebarbas de papel que ficaram nas cédulas foram responsáveis pela anulação de muitos votos.

Com objetivo de evitar os problemas verificados na eleição passada, eleitores de alguns Estados norte-americanos compareceram às sessões antes de 2 de novembro. Apesar da medida preventiva, a votação presidencial antecipada teve problemas. Em algumas cidades da Flórida foram registradas falhas no sistema de computadores, mecanismo adotado neste ano. As urnas eletrônicas substituem os cartões perfuráveis no Estado. Mais de 20 Estados organizam votações antecipadas, pessoalmente ou por correio.

Além da Flórida, ao que tudo indica, Ohio poderá ser o Estado da discórdia neste ano. A atenção se volta para lá porque cerca de 80% dos eleitores de Ohio deverão ir às urnas para votar nas polêmicas cédulas de perfuração.

O sistema continuará sendo usado, pois integrantes do Partido Democrata e de ONGs se mostraram resistentes às urnas eletrônicas, alegando que as novas urnas poderiam ser a porta de entrada para uma fraude histórica, já que não emitem comprovantes.

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