O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, reconheceu nesta quarta-feira que há um levantamento, elaborado pelo governo, indicando gastos detalhados da presidência nos últimos 10 anos. Porém, segundo a Folha de S.Paulo, ele não associa os dados ao dossiê revelado pela revista Veja, que acusa o Palácio do Planalto de levantar as despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua mulher, Ruth Cardoso.

Segundo o ministro, o levantamento foi elaborado a partir de um pedido encaminhado pela oposição. Ele disse ainda que há uma série de números, dados e notas bem detalhados à disposição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos cartões corporativos.

— Esse levantamento existe e foi pedido pela oposição. E, os números, os dados e as notas e os instrumentos que a CPI pediu, o governo está disposto a fornecer. Sem que isso seja usado como instrumento de manobra política e revanchismo — disse o ministro, explicando que a requisição para levantar os dados foi feita via comissão: — A CPI pediu informação dos últimos 10 anos. O governo está aqui e os dados estão à disposição da CPI. Não como instrumento político nem nenhuma ferramenta para acirrar a disputa entre oposição e governo.

Múcio reiterou que será criada uma comissão especificamente para investigar de quem teria partido a ordem para elaborar o suposto dossiê. O ministro desconversou sobre a possibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguir o exemplo de FH e autorizar a abertura de seus gastos no período em que estava no governo. Segundo Múcio, no caso de Lula o assunto se refere a uma "questão de Estado".