O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou nesta terça-feira a investigação dos gastos da Presidência da República durante seu governo com os cartões corporativos e as contas B pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos. Em carta enviada ao líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), o ex-presidente afirma que "nunca houve sigilo nos gastos do Gabinete da Presidência" durante os seus oito anos de governo.

A manifestação do ex-presidente foi em resposta a um pedido do líder, que queria uma autorização para formalizar um requerimento para a quebra os sigilos de gastos de Fernando Henrique e de sua esposa, Ruth Cardoso.

— Amanhã, a CPMI será um belo teste para mostrar quem quer investigar e quem não quer — afirmou Virgílio.

Na resposta à solicitação do parlamentar, Fernando Henrique disse que em "uma única vez, no início de meu primeiro mandato, lançou-se mão de reserva para a compra de material criptográfico e de portas detectoras de metal". Mesmo esses gastos, segundo o ex-presidente, tiveram suas contas prestadas ao Tribunal de Contas da União (TCU), e, por isso, disse ser desnecessária uma autorização para que abrisse mão da prerrogativa do seu sigilo.

"Não preciso, por conseqüência, abrir mão de prerrogativa que não usei e que é discutível. Basta requisitar as ditas contas à Casa Civil da Presidência da República", ressalta Fernando Henrique. O ex-presidente diz no documento que a quebra de seu sigilo e de sua esposa com relação ao uso de cartões corporativos e contas B "é a única maneira de ambos governos se livrarem de suspeitas que, no meu caso, são infundadas, e espero que sejam no caso do atual governo".

Fernando Henrique estranhou o fato de a CPI mista iniciar as investigações pelas contas de seus dois governos, aprovadas pela Secretaria de Controle Interno da Presidência e pelo TCU. "Os fatos determinados que deram origem à CPI dos Cartões Corporativos têm a ver com alegadas retiradas de vultosas quantias de dinheiro por meio de cartões de crédito na atual administração. Estas é que teriam sido glosadas pelo TCU", diz Fernando Henrique Cardoso.