| 29/02/2008 11h46min
O mercado brasileiro de ações abre debruçado sobre as 34 páginas do relatório financeiro da mineradora Vale divulgado na quinta-feira à noite, e respirando um sinal de perdas acentuadas no Exterior.
O quadro pode levar a Bovespa a buscar aquilo que não encontrou nos últimos dias: uma realização de lucros por parte dos investidores, já que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta ontem pelo sétimo pregão seguido. Mas a volatilidade ainda permeia os negócios. Às 11h07min, o índice Bovespa cedia 1,26% a 64.730 pontos.
Muito do rumo dos negócios desta sexta-feira deve depender da reação do mercado aos dados financeiros da Vale em 2007, que imunizou a Bolsa das perdas externas ontem e permitiu um fechamento em leve alta na sessão anterior.
No entanto, com os ganhos expressivos de ontem nos ativos da mineradora, o mercado pode chamar uma realização, esmiuçando os detalhes que desagradaram no balanço. Além disso, o mercado estará atento à
teleconferência e a entrevista
coletiva que os executivos da Vale realizarão hoje para comentar o relatório. O foco é qual a disposição da empresa para comprar a anglo-suíça Xstrata.
Em 2007, a Vale contabilizou o quinto ano consecutivo de lucro recorde. O resultado líquido da mineradora foi de R$ 20,006 bilhões, um aumento de quase 49% em relação ao registrado no ano anterior. Os ganhos da empresa ficaram em linha com as expectativas dos analistas.
Segundo análises, os pontos negativos do balanço foram os gastos elevados com multas por atraso no embarque (demourrage), energia, despesas mais elevadas com publicidade e outros gastos. Mas a empresa foi favorecida pelo pagamento menor de impostos.
No seu relatório, a Vale observa que a "hipótese de descolamento é inconsistente com o funcionamento de uma economia globalizada", mas avalia que o dinamismo das maiores economias emergentes, como China e Índia, deve compensar "parcialmente" o efeito da contração do crescimento das
economias desenvolvidas.
No quarto
trimestre do ano passado, a empresa embarcou um volume menor em toneladas de minério de ferro e pelotas para EUA, China, Japão e Alemanha. O volume aumentou para a Coréia do Sul, França e Itália. Às 11h08min, as ações preferenciais classe A (PNA) da Vale cediam 1,14% a R$ 51,90.
O cenário externo traz ondas negativas hoje. Às 11h06min, o futuro do S&P 500 perdia 0,90% e o Nasdaq 100 futuro, 0,66%. Na Europa, as Bolsas de Paris e Frankfurt têm perdas superiores a 1%, com uma reação à revelação de uma perda bilionária da seguradora American International Group com derivativos de crédito em seus resultados e com o balanço da empresa de informática Dell, divulgado ontem, que ressaltou os fracos gastos corporativos.
Os dados de inflação nos EUA, divulgados pela manhã, não assustaram e ajudaram a reduzir as perdas nos mercados acionários. O índice de preços para gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,4% em janeiro em relação a dezembro, em linha ao
previsto. O núcleo do
índice de preços PCE, que exclui alimentos e energia, subiu 0,3%, também em linha ao esperado.
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