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 | 07/12/2009 09h29min

Propostas para salvar o clima são discutidas a portas fechadas em Copenhague

Diferentes versões de acordos estão circulando nos bastidores do encontro que começa nesta segunda na Dinamarca

Gustavo Bonato, enviado especial l Copenhague (Dinamarca)

A primeira grande polêmica da Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, a COP15, que começa nesta segunda, dia 7, em Copenhague, Dinamarca, ocorreu a portas fechadas. De um lado estava o anfitrião do encontro, que nos últimos dias fez circular em sigilo um esboço do acordo que poderia salvar o planeta. Do outro, nações em desenvolvimento – entre elas o Brasil – que não gostaram da proposta e se reuniram reservadamente para elaborar a sua versão do texto, revelado nesse domingo, dia 6, a outras delegações.

Preocupado em fazer do evento que sedia um sucesso, o governo da Dinamarca havia apresentado, em segredo, seu esboço a alguns países. Brasil, China e Índia, não gostaram da proposta. Os indianos chegaram a dizer que nunca aceitariam uma proposta que obrigasse as emissões de carbono a caírem a partir de 2025. O contra-ataque veio na semana passada, quando alguns negociadores se reuniram para formular um outro esboço de acordo. Durante todo o domingo países em desenvolvimento (que compõem o grupo de negociações chamado G77) estiveram reunidos a portas fechadas. O texto formulado pela China foi repassado a outros diplomatas, que irão analisá-lo.

Saiba mais no blog Diário de Copenhague

A guerra de textos paralelos, rápidos e quase prontos, se opõe a todo o processo que vem sendo realizado até agora. Centenas de horas de negociações em reuniões que foram realizadas nos últimos dois anos dificilmente seriam substituídas apenas porque os anfitriões querem chegar ao final do encontro com um acordo do qual possam ter orgulho. Pelas informações que vazaram, os dinamarqueses propuseram metas de redução ambiciosas.

O esboço dos chineses inclui cortes bastante reduzidos para os países em desenvolvimento, que alegam precisarem continuar queimando combustíveis para alcançar as nações no processo de industrialização. A polêmica que desembarca em Copenhague, na pasta de alguns negociadores, é um indicativo de que a disputa será acirrada entre países ricos e pobres nas duas próximas semanas.

E, se a portas fechadas, a mobilização já começou, nas ruas da capital dinamarquesa o clima é de expectativa. É como se o país estivesse às vésperas de uma Copa do Mundo, com a diferença de que o que está em jogo é o futuro de um acordo para evitar o aquecimento global e mudanças climáticas que podem afetar a vida de milhões de pessoas nas próximas décadas. Serão 12 dias de negociações. O resultado é incerto e só sairá literalmente nos últimos minutos. Horas antes do início da conferência, o secretário geral da entidade, Yvo de Boer, disse que está confiante em um acordo abrangente e ambicioso:

– Mesmo que tenhamos que dar outros passos na estrada de um futuro seguro para o clima, Copenhague já é um marco na resposta internacional contra o aquecimento global.

*Gustavo Bonato viajou a convite do Climate Change Media

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