| 06/12/2009 18h43min
A megaestrutura montada no Bella Center, centro de eventos que recebe a partir desta segunda, dia 7, cerca de 15 mil pessoas para a 15ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP15), representa o tamanho do desafio proposto para 193 nações que participam das discussões em Copenhague, na Dinamarca.
A missão das delegações e dos cerca de 100 chefes de Estado e de governo, que devem comparecer só na fase final do debate dentro de duas semanas, é firmar um acordo para impedir que a temperatura média do planeta suba mais que dois graus Celsius (ºC) até o fim deste século.
Para isso, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, a sigla em inglês), é preciso que o esforço conjunto de todos os países reduza entre 25% e 40% as emissões de gases que provocam o efeito estufa, até 2020, considerando o nível de emissões calculado em 1990.
As propostas apresentadas até agora pelos países ricos (únicos que chegam à capital da Dinamarca com a obrigação de apresentar metas para reduzir os atuais níveis de emissões de gás carbônico), no entanto, não atendem sequer a metade do piso do cálculo produzido pelos cientistas.
O secretário executivo da COP-15, Yvo de Boer, afirmou neste domingo, dia 6, que todas as propostas apresentadas até agora podem e precisam ser elevadas durante a discussão. Ele exortou os países ricos a apresentarem volumes inéditos de recursos para financiar ações de mitigação dos efeitos causados pelos gases de efeito estufa nos países pobres e em desenvolvimento.
— Em termos de financiamento imediato, acredito que nós precisamos de U$ 10 bilhões para 2010, U$ 10 bilhões em 2011 e U$ 10 bilhões em 2012. Isso é para começar o financiamento. Claramente, nós sabemos que vamos precisar de outras centenas de bilhões de dólares até 2020 ou 2030 — avaliou Boer.
As principais ações de mitigação, que devem ser patrocinadas nacionalmente e internacionalmente, são esperadas de países como a China, a Índia e o Brasil, que têm alto nível de emissões de gás carbônico e, ao mesmo tempo, destacam-se pelo crescimento econômico e pela elevada capacidade de desenvolvimento de tecnologia limpa.
No caso do Brasil, a proposta apresentada em novembro é de reduzir entre 36,1% e 38,9% o nível de emissões projetado para 2020. Metade do objetivo, segundo o governo, pode ser alcançado reduzindo em 80% o desmatamento na Amazônia nos próximos 11 anos.
Os projetos para tornar economicamente atrativa a manutenção da floresta em pé, conhecidos no jargão ambiental como Redds (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), serão um dos pontos chave da conferência, segundo o coordenador temporário do Grupo de Ação para Mudanças Climáticas, Michael Zammit Cutujar.
Os planos asseguram financiamento internacional para ações de mitigação nos países pobres e em desenvolvimento. Até agora, o Brasil já apresentou 38 projetos de Redd, que também devem ser analisados em Copenhague.
O negociador do Brasil na COP-15, embaixador Luís Alberto Figueiredo, lembrou, no entanto, que a conferência tem outras prioridades, mais importantes que a redução do desmatamento: o compromisso dos países ricos com a redução das emissões de gás carbônico.
— É bom ser lembrado, mas aqui há outras coisas na frente do combate ao desmatamento — frisou.
O presidente da conferência, Yvo de Boer, ressaltou que nunca antes houve um esforço mundial de tal magnitude, como agora, para tratar da mudança climática objetivamente.
— Em 17 anos de discussões, nunca houve tanta gente trabalhando junta. Copenhague deve ser um ponto de virada — afirmou.
Efetivamente, pela primeira vez, os interesses econômicos de cada país foram calculados antes da discussão sobre metas e financiamento de tecnologia limpa. O impacto financeiro dos investimentos para combater o aquecimento global é o principal entrave que afasta países como os Estados Unidos (maior poluidor histórico do planeta) de um acordo definitivo na reunião da Dinamarca.
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