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 | 20/07/2009 14h26min

Setor produtivo vê economia com apreensão, mas Ipea estima melhor resultado em 12 meses

Para técnicos do instituto, expectativa pode atingir a zona de confiança

A expectativa do setor produtivo brasileiro com a economia brasileira chegou a 9,82 pontos em junho, segundo constatou o Sensor Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta segunda, dia 20, na capital paulista.

De acordo com a pesquisa, o indicador ainda está na zona de apreensão, mas é o melhor dos seis resultados da série que começou neste ano. Para os técnicos do Ipea, a expectativa pode atingir a zona de confiança nos próximos 12 meses.

A escala de expectativas da pesquisa começa com otimismo, que é representado por 100 pontos, passa pela confiança (60), apreensão (20), adverso (-20) e termina no pessimismo (-60).

Quando se separa a pesquisa em componentes distintos, o resultado é 50,19 pontos, mostrando a confiança das 115 entidades representativas do setor produtivo. As respostas revelam que há apreensão com as contas públicas, que obtiveram 10,22 pontos entre os entrevistados; seguidas por desempenho das empresas, com -5,49 pontos e aspecto social, com -15,63 pontos.

Segundo o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, as expectativas positivas registradas na pesquisa estão ligadas ao que vem ocorrendo na economia brasileira no segundo trimestre de 2009, no qual se observam melhoras consideráveis do ponto de vista da ampliação do comércio, dos serviços e da indústria, que apesar de ainda sofrer por conta da crise econômica, vem se recuperando gradativamente.

— Estamos em uma realidade muito diferente para diferentes setores e regiões brasileiras, mas de certa maneira há uma convergência [na crença] de que o país deverá ter um resultado melhor, especialmente no segundo semestre deste ano com relação ao que foi o final do ano passado e, especialmente, o início deste ano — disse o presidente da instituição.

Pochmann explicou que o indicador de junho na zona de apreensão reflete um quadro de dúvida sobre o que ocorrerá de fato no país.

— Estamos medindo as expectativas futuras e isso é muito importante porque é com base nessas expectativas que o setor privado toma decisões. Ao mesmo tempo, para o governo é importante porque permite calibrar as ações do ponto de vista de política econômica e das políticas sociais — comentou.

Segundo Pochmann, a recuperação econômica apresentada nos dados aparentemente não vem acompanhada de melhoras sociais amplas suficientes para evitar que 2010 seja um ano de menos desemprego, pobreza e desigualdade.

— Os dados indicariam uma recuperação econômica sustentada na recuperação das margens de lucro das empresas, na ampliação da produtividade contratando menos trabalhadores e ao mesmo tempo reduzindo o grau de endividamento do setor produtivo — concluiu.

O economista afirmou que as informações da pesquisa mostram a necessidade de o governo pensar em medidas mais amplas para reformar a recuperação econômica observada neste momento. A pesquisa mostrou que os trabalhadores são os que têm a visão mais pessimista com -8,3 pontos.

— Os trabalhadores, que tinham uma visão mais otimista no começo do ano, vêm reduzindo esse otimismo, embora sejam justamente os empresários os mais pessimistas na média geral das expectativas — acrescentou Pochmann.

De acordo com o Sensor Ipea, a região Nordeste é a mais otimista com 20,98 pontos, seguida pelo Centro-Oeste, com 17,05 pontos, Sudeste, com 9,95 pontos, Norte, com 8,99 pontos e Sul, a mais pessimista, com -6,70 pontos.

AGÊNCIA BRASIL
 
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