| 30/08/2008 20h19min
Reportagem publicada nesta semana pela revista Veja mostra que os serviços de espionagem federais ultrapassaram todos os limites de respeito à Constituição e à democracia e instalaram grampos telefônicos ilegais nos aparelhos do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, como já se suspeitava. A Veja atribuiu os grampos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
De acordo com informações passadas por um agente da Abin à revista, também foram grampeados o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Álvaro Dias (PSDB-PR), Demóstenes Torres (DEM-GO) e Tião Viana. Outras vítimas dos grampos foram os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, além de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula. Não há detalhes das conversas deles capturadas pelo serviço de espionagem.
A prova
de que Gilmar Mendes foi mesmo vítima de
grampo é a transcrição de uma conversa de cerca de dois minutos entre ele e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ocorrida às 18h32min do dia 15 de julho. No telefonema, Demóstenes pede a Gilmar ajuda contra a decisão de um juiz de Roraima que teria impedido uma importante testemunha de depor na CPI da Pedofilia, da qual é relator.
No diálogo, Mendes agradece a Demóstenes por ter subido à tribuna do Senado para criticar pedido de impeachment do presidente do STF, feito por um grupo de promotores descontentes com habeas corpus concedido ao banqueiro Daniel Dantas. Na época, a PF acabara de concluir a Operação Satiagraha, que prendera Dantas, acusando-o de uma série de crimes, entre eles lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção ativa.
De acordo com a Veja, as gravações ilegais feitas pela Abin servem de base para relatórios que são entregues ao presidente da República. Isso — ressalva a revista —não quer dizer que o presidente
Lula tenha conhecimento de que seus
principais assessores estejam grampeados ou que avalize a operação. Os agentes produzem as informações a partir do que ouvem nos grampos, mas sem identificar a origem.
Também é esclarecido que, por serem ilegais, as gravações são destruídas depois de filtradas. A que contém o diálogo entre o ministro Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres teria sido preservada porque, ao contrário das demais, foi produzida durante um trabalho de parceria entre a Polícia Federal e a Abin, na Operação Satiagraha. Os investigadores desconfiavam de uma suposta influência do banqueiro nas decisões do STF e passaram a vigiar o presidente da corte.
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