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 | 23/07/2009 14h44min

Convocação do Conselho de Ética no recesso divide senadores

Os senadores Cristovam Buarque e Pedro Simon pediram reunião em caráter emergencial diante da divulgação de escutas telefônica envolvendo Sarney

A proposta ao presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), de reunir em caráter emergencial o colegiado para apreciar as denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), dividiu os parlamentares.

A iniciativa foi tomada nesta quinta-feira pelos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS) diante da divulgação de trecho de escuta telefônica feita pela Polícia Federal no qual Sarney e o filho Fernando conversam sobre um emprego, no Senado, para o namorado de uma de suas netas.

A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), integrante do Conselho de Ética, apoia a iniciativa dos colegas. Entretanto, ressalta que este é mais um movimento político do que um fato prático. A seu ver, o presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), apontado como aliado de José Sarney, dificilmente atenderá ao apelo de Buarque e Simon.

— Não acredito que o Paulo Duque vá aceitar. Trata-se de um ato político necessário. As coisas vão esquentar em agosto (quando os senadores voltam do recesso) — disse a senadora.

Ela acrescentou que dificilmente o presidente do conselho "vai aguentar a pressão diante dos fatos novos que estão surgindo". Neste caso, Marisa Serrano acrescentou que não restará outra alternativa a Paulo Duque a não ser dar andamento às investigações ou renunciar ao cargo de presidente do colegiado.

A senadora lembrou que quando foi um dos três relatores no Conselho de Ética dos processos de investigação da o então presidente da Casa Renan Calheiros (PMDB-AL) o colegiado era comandado por Leomar Quintanilha (PMDB-TO), considerado um aliado do peemedebista alagoano.

Diante das pressões na época, que resultaram na renúncia de três relatores antes da formação da comissão de relatoria que integrou, não coube outra alternativa a Quintanilha senão dar andamento ao processo. Na sua opinião, o mesmo acontecerá no caso de Sarney, se ele insistir em permanecer no cargo. Para não ser cassado e por consequência ficar inelegível por oito anos, Renan Calheiros renunciou ao mandato, voltando no ano seguinte.

Os petistas Eduardo Suplicy (SP) e Delcídio Amaral (MS), ambos suplentes no colegiado, pensam um pouco diferente da senadora tucana. Contatado por Cristovam Buarque, Suplicy afirmou à Agência Brasil que reforçou sua opinião favorável ao afastamento de Sarney da presidência por um mês:

— Uma reunião do Conselho de Ética terá sentido quando houver a disposição do presidente José Sarney de dar explicações ao conselho.

Eduardo Suplicy é contrário a qualquer manifestação do colegiado sobre as denúncias contra o presidente do Senado sem que este, antes, apresente sua defesa aos senadores do conselho.

Delcídio Amaral qualificou de oportunismo político a iniciativa de querer tomar qualquer atitude durante o recesso parlamentar.

— A hipocrisia tem sido quase uma constante entre nossos colegas — disse o parlamentar.

Ele acrescentou que, se porventura Paulo Duque convocar uma reunião ainda para julho, não haverá quórum para qualquer deliberação.

O petista reconheceu, no entanto, que os senadores são "prisioneiros dos fatos" e, no caso de as denúncias contra José Sarney continuarem a aumentar, os parlamentares obrigatoriamente terão que tomar uma posição.

— Aí não tem jeito.

AGÊNCIA BRASIL

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