| 03/07/2009 09h13min
Empresária rural desde os 25 anos, quando grávida da filha caçula, enfrentou a morte do marido, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) é a primeira mulher à frente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a voz dos agropecuaristas no debate ambiental versus produção de alimentos. Assunto que este ano invadiu o noticiário nacional.
Polêmica por suas posições e respostas na ponta da língua a ataques dos adversários, esta goiana de 47 anos já foi acusada de defender o trabalho escravo no campo e chamada de Miss Desmatamento pelos ambientalistas, com quem vive em fogo cruzado. Hoje, Kátia tem como maior oponente o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que no final de maio chamou os fazendeiros de “vigaristas”.
– Rezo todos os dias para aguentar – diz ela, referindo-se à rotina de impropérios que ouve.
Mas a senadora não deixa por menos e retruca. E demonstra desprezo quando questionada sobre a possibilidade de reabrir um diálogo com Minc em torno do Código Ambiental, um conjunto de medidas combatido pelos produtores com a alegação de que diminuiria a área destinada à agricultura e pecuária no país.
– Não tenho ânimo de dialogar com quem tem preconceito. Um ministro de Estado deve se comportar à altura do seu cargo. Ele demonstrou ter um preconceito irreversível contra a gente. Um ódio, mágoa e preconceito muito fortes – afirmou Kátia, que nessa quinta, dia 2, esteve na sede da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), em Porto Alegre, para falar sobre as suas metas na CNA.
Minc esteve na semana passada na cidade para anunciar uma proposta de tornar mais flexível o Código Florestal para os pequenos produtores, iniciativa interpretada pelos ruralistas como tentativa de fomentar a guerra de classes no setor. Kátia diz não aceitar a postura de Minc, que, conforme ela, estaria usando a bandeira ambiental para fazer uma revolução social:
– É desonesto um ministro que quer ser líder de classe.
No front da batalha pelos interesses da classe, Kátia não esconde a irritação quando os ruralistas são classificados como devastadores do ambiente:
– Não aceito que nos apresentem simplesmente como desmatadores. Substituímos a cobertura vegetal por arroz, feijão, trigo, carne, soja, PIB, exportação e superávit.
Assessores pintam um quadro mais suave da chefe. Apesar da personalidade forte e do histórico de polêmicas, em vez de irada a senadora fica na verdade triste quando se envolve em bate-bocas.
ZERO HORA