| 30/03/2009 10h50min
A colheita de milho começou há cerca de duas semanas no meio-oeste catarinense. Em Campos Novos, a safra deste ano é especial: contém os primeiros milhos geneticamente modificados no Estado. Dos cerca de 2,5 milhões de sacos colhidos pela Copercampos, 15% são transgênico.
Apesar da maior resistência, as plantas não tiveram a produtividade esperada em função da estiagem, que ocorreu durante o florescimento e o preenchimento do grão. Mesmo assim, o produtor Cláudio Hartmann não se arrepende.
Ele garante que, se não tivesse adotado o milho modificado, o prejuízo seria maior. Nas áreas de refúgio, Hartmann encontrou não só a presença de três tipos de lagartas, que não atacam o transgênico, mas também a presença de grãos “ardidos” (contaminados por fungos).
O produtor de Campos Novos foi o primeiro a implantar as variedades BT e RR no Estado. Em meados de setembro, fez o plantio em 160 hectares, dos quais 120 são destinados aos transgênicas.
Mesmo sendo mais caro, uso da semente compensa
– Eu esperava colher 150 sacas por hectare, mas em função da falta de chuva, fiquei com 120. Mesmo com o prejuízo de cerca de R$ 180 por hectare, eu tive um ganho de 18% na produtividade por causa da resistência das plantas. Apesar de a semente ser mais cara, investir compensa. Os grãos saudáveis e bonitos são bem aceitos no mercado, o que é uma garantia de venda– disse Hartmann.
A transgenia trouxe outra vantagem: orgulho em ser pioneiro na adoção da técnica. Sobre as polêmicas em torno do assunto, ele disse que estudos comprovaram que não há efeitos no organismo humano.
– É uma satisfação quando entrego o milho e recebo descontos pela qualidade. E o fato de ser o pioneiro é uma surpresa muito agradável.
Além da falta de chuva, o aumento do custo de produção contribuiu para tornar esta safra a mais alta da história, de acordo com o diretor executivo da Copercampos, Clebi Renato Dias. Os
insumos aumentaram de preço, assim como o transporte dos
grãos.