| 25/03/2009 02h38min
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta terça-feira "paciência" ao povo americano para que as medidas adotadas contra a crise econômica gerem efeito. Ele defendeu que as decisões tomadas nos primeiros dois meses de mandato, que envolvem desde economia a pesquisas com células-tronco, e considerou que agora o país caminha "na direção certa".
Obama concedeu sua segunda coletiva de imprensa desde que chegou à Casa Branca e, em um evento televisionado em horário nobre nos EUA, promoveu sua política econômica e acabou repassando sua trajetória nos últimos dois meses.
O presidente admitiu que os EUA devem controlar melhor as armas e o dinheiro que nutrem o narcotráfico no México, depois que seu governo anunciou, também na terça, um plano para a segurança na região que contempla o envio de equipes especiais e soldados extras.
— Seguiremos supervisionando a situação. Caso as medidas que tomamos não funcionem, faremos mais — prometeu.
O líder americano também
defendeu energicamente sua polêmica decisão de aprovar o financiamento público à pesquisa com células-tronco embrionárias, apesar de ter reconhecido que precisou "travar uma luta interna" sobre o tema.
— Foi a decisão correta — disse Obama ao lembrar que o consenso entre os cientistas é de que esse tipo de pesquisa pode gerar tratamentos contra doenças hoje incuráveis.
Segundo Obama, suas decisões sobre economia também foram apropriadas.
— Começamos a ver sinais de progresso, mas superar a crise ainda requer tempo e paciência e a colaboração de todos — afirmou o presidente.
Uma das medidas propostas por ele e que mais recebeu criticas foi o orçamento, que o Congresso deve aprovar e que a Casa Branca avalia em US$ 3,6 trilhões.
A oposição republicana e alguns democratas moderados temem o impacto que a medida pode ter no já alto déficit fiscal do país, que segundo a auditoria do Congresso pode chegar a US$
1,845 trilhão caso o orçamento seja aprovado como está, e a mais
de US$ 9 trilhões ao longo de uma década.
O presidente americano assegurou que "a melhor maneira de reduzir o déficit é com um orçamento que leve ao crescimento econômico", como, segundo Obama, seu projeto faria.
Obama, que dedicou boa parte de seu discurso a defender a medida, considera que o orçamento enviado ao Congresso "sustentará a recuperação" da economia sobre "alicerces mais sólidos", de modo que os EUA não tenham que enfrentar "outra crise como essa em dez ou 20 anos".
Na entrevista, Obama também justificou sua demora em reagir ao escândalo das gratificações milionárias dos executivos da seguradora AIG, que dominou as notícias na última semana, ao assegurar que gosta de se informar sobre um assunto, antes de falar sobre.
Inicialmente, o governo tinha mantido silêncio quando veio à tona o pagamento de US$ 218 milhões em bonificações a diretores da AIG, companhia que recebeu ajudas multimilionárias do Estado.
O presidente americano quase não falou dos
conflitos no Iraque e no Afeganistão. A grande menção em política externa, além das medidas para o México, foi a situação no Oriente Médio, onde considerou que a paz "não é mais fácil agora, mas é igualmente necessária".
Em um repasse de seu mandato, o presidente dos EUA considerou que sua raça, motivo de celebração durante sua posse, se tornou mero detalhe.
— Atualmente, as pessoas me julgam exatamente pelo que me devem julgar: se estou tomando os passos adequados para devolver a liquidez aos mercados financeiros, para criar emprego, reabrir os negócios e manter a salvo o país — apontou.
Obama concluiu sua coletiva com o que assegura que será sua fórmula para os próximos quatro anos: persistência e determinação, apesar das críticas.
— Nos próximos meses e anos, se eu continuar no cargo, insistirei na filosofia da persistência — prometeu Obama.
Obama concedeu sua segunda coletiva de imprensa desde que chegou à Casa Branca, em um evento televisionado em horário nobre
Foto:
Matthew Cavanaugh, EFE