| 22/03/2009 23h32min
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou hoje que o sistema financeiro de seu país ainda precisa de intervenção do governo para evitar que a crise econômica seja ainda mais profunda. Em entrevista transmitida hoje pelo programa "60 Minutes" da emissora de televisão "CBS", o presidente americano afirmou: "acho que persistem os riscos sistêmicos".
— Há instituições tão enormes que, se quebrarem, levarão junto muitas outras instituições financeiras com elas. E, se todas quebrarem, ao mesmo tempo, poderemos ter uma recessão ainda mais destrutiva, potencialmente uma depressão — explicou.
As declarações do presidente acontecem um dia antes de o secretário do Tesouro, Tim Geithner, apresentar, amanhã, seu plano para os ativos "tóxicos", avaliados em cerca de US$ 1 trilhão, que endividam o sistema bancário e impedem que o crédito volte a fluir com normalidade.
O presidente americano admitiu que durante a campanha eleitoral não previu o quão
"drástico" que seria o declínio da
economia. No entanto, afirmou que há dados que levam à esperança e expressou que "a economia está tão interconectada hoje dia que tudo acontece muito rápido. A queda foi muito rápida, mas a recuperação pode ser mais rápida ainda".
Em sua entrevista, Obama também falou das gratificações concedidas pela seguradora AIG a seus executivos, no valor de US$ 218 milhões, após requerer uma injeção de dinheiro público de US$ 180 bilhões. Atualmente, o Congresso elabora um projeto de lei para taxar em 90% esses pagamentos extraordinários. Obama declarou-se contra essa medida, apesar de ela contar com grande apoio popular.
— Em geral, leis devem poder ser aplicadas em uma série de casos. Não queremos usar o Código Tributário para punir as pessoas — afirmou.
— Queremos medidas legais, constitucionais, que sejam justas, mas não prejudiquem os esforços para voltar a pôr de pé o sistema bancário — acrescentou.
Obama também defendeu seu
secretário do Tesouro, Tim Geithner, muito criticado em
seus primeiros meses de gestão à frente da fragilizada economia americana e disse que não aceitaria um eventual pedido de renúncia.