| 12/02/2009 12h28min
Apesar da crise internacional iniciada nas economias mais desenvolvidas e que acabou arrastando o Brasil e outros países emergentes, o agronegócio brasileiro conseguiu avançar nas suas exportações: passou de cerca de US$ 56 bilhões em 2007 para mais de US$ 69 bilhões em 2008, um acréscimo de 24% no faturamento em moeda estrangeira.
No valor das exportações predominam os grãos e derivados (22%): a soja em grão (14%) mais óleo (4%) e farelos (4%). As carnes, com 16%, vêm em segundo lugar; papel e celulose (8%) e açúcar (7%) aparecem a seguir.
Embora o crescimento em valor de exportações seja significativo, as quantidades exportadas tiveram um crescimento bem maior. Conforme estudo do Cepea, o crescimento da receita em dólares das exportações do agronegócio ocorreu principalmente pelo aumento do volume comercializado.
Em 2008 as quantidades exportadas mantiveram-se relativamente estáveis no correr dos meses, indicando
a perda de fôlego exportador do
agronegócio. Já os preços, tanto em dólares quanto em reais, caíram a partir de setembro, como reflexo da atual crise financeira e econômica internacional, que fez despencar os preços das commodities que o Brasil exporta.
Outro reflexo da crise foi o aumento da taxa de câmbio efetiva real do agronegócio, fruto da desvalorização da moeda nacional. Usualmente, uma desvalorização cambial conduziria a aumentos das exportações, o que não se verificou no final de 2008 em razão da recessão mundial e consequente depressão da demanda internacional. O índice de atratividade das exportações acabou caindo, tendo, portanto, predominado a queda de preço em dólares sobre a desvalorização cambial. A atuação do Banco Central tentando evitar uma disparada do dólar também prejudicou o produtor do agronegócio brasileiro.
Na comparação dos resultados de 2008 com o ano anterior, os preços em dólares cresceram devido à alta verificada até agosto (25%). Porém, o volume exportado, que
havia atingido seu pico
em junho, desacelerou a partir de então e acabou com uma pequena queda (-4,2%) sobre 2007.
Sobem os grãos e as carnes, descem o açúcar e o suco de laranja
Os produtos que apresentaram o melhor despenho em 2008 foram o óleo de soja, com alta de preço de 46,20%, soja em grão (40,5%) e farelo de soja (35,78%). Altas importantes também foram observadas para carnes suína (27%), bovina (17,48%) e de frango (16,25%). Os aumentos para café e frutas foram de apenas 6,1% e 2,86% respectivamente. Há também os casos de queda na atratividade: álcool (-3,18%), açúcar (-7,14%) e suco de laranja (-21,28%).
Exportações do Sudeste ficam para trás
Na comparação entre janeiro a dezembro de 2008 com igual período de 2007, verifica-se que em todas as regiões houve aumento dos preços em dólares dos produtos exportados. Os desempenhos mais modestos de preços ocorreram nas regiões Sudeste e Nordeste, respectivamente. Quanto ao volume exportado, houve queda nas regiões Norte, Sudeste e Sul e estagnação nas demais. O destaque negativo é a região Sudeste que, além de apresentar baixo crescimento dos preços de exportação, teve queda de 15% do volume exportado.
No que toca às exportações, o ano de 2008 foi marcado por uma mudança profunda entre o primeiro e o segundo semestre (especialmente a partir de setembro), resultado da cessação do boom global das commodities. Para o exportador nacional, seu faturamento em reais passou a depender do balanceamento entre a queda dos preços externos (em dólares) e o aumento do dólar no mercado brasileiro.
O esforço das autoridades para contenção da alta do dólar através da política cambial provocou um efeito baixista na atratividade das exportações. O Sudeste, como exportador de açúcar, café, suco de laranja, foi a região mais atingida pela derrocada no mercado externo. O Nordeste também foi atingido pela dependência do açúcar. As regiões Centro-Oeste, Norte e Sul saíram-se melhor, uma vez que nas suas exportações predominam os grãos e derivados e carnes, além de papel e celulose. No Norte, apenas produtos da madeira e mobiliários tiveram retração.
Ano difícil
Para 2009, as perspectivas são de um ano difícil. De 2007 para 2008, os volumes das exportações já perderam algum fôlego. Em janeiro de 2009, foi possível verificar algumas mudanças nas exportações: de um lado, forte queda nos casos da carne bovina e óleo de soja; de outro, forte alta do farelo de soja, do açúcar e, principalmente, do milho. De qualquer forma, o cenário da economia mundial é de grande desaquecimento, o que não deixará de refletir negativamente nos mercados agropecuários. Naturalmente, situações específicas de alta poderão ocorrer nos casos de frustração de safra ou redução exagerada de estoques.