| 28/03/2008 09h09min
A cúpula das entidades Ruralistas começam a avaliar nesta sexta-feira o apelo da presidente Cristina Fernández de Kirchner para suspender os protestos agropecuários e dar início à uma negociação. Porém, os líderes querem que o governo coloque as cartas sobre a mesa e mostre a sua proposta antes de tomar a decisão de suspender os piquetes.
— O discurso de ontem não teve o mesmo tom que o de terça-feira e legitima os pequenos produtores ao dizer que não haverá tratamento igual ao dos grandes, mas queremos ver como vão valorizar os pequenos produtores, antes de nos comprometermos a terminar o locaute — afirmou o presidente da Federação Agrária, Eduardo Buzzi.
O líder dos pequenos produtores disse que, durante a noite de quinta-feira e nesta manhã, os piquetes foram mantidos e serão mantidos "enquanto os ministros (do Gabinete da Presidência, Alberto) Fernández e (da Economia, Martín) Lousteau traduzem o que a
presidente disse em seu discurso":
— Se hoje os
ministros nos dizem, por exemplo, que a retenção para os pequenos produtores de soja será de 20% e não de mais de 40%, como determina a medida oficial do último dia 11, a situação será diferente e os piquetes poderiam ser suspensos.
Buzzi explicou que os protestos continuam porque "não está claro do que se trata o chamado ao diálogo da presidente Cristina", que pediu "humildemente" aos dirigentes do campo a suspensão do locaute e dos bloqueios das estradas e rodovias para negociar. Cristina disse que as retenções são necessárias para manter o equilíbrio dos preços internos e ajudam a distribuir a renda no país. Ela repetiu que não voltará atrás na decisão do aumento, mas indicou que a reveria para os pequenos produtores.
Apesar da disposição de Buzzi, existe um setor mais duro dos produtores, na Província de Entre Ríos, que continua engasgado com os insultos e ataques antes proferidos por Cristina aos homens do campo. Em Gualeguaychú, principal ponto de concentração
do protesto, os
agricultores se resistem a suspender os piquetes para negociar, porque não acreditam no discurso oficial.
— Foi um discurso mentiroso e carregado de revanchismo — afirmou o líder da Federação Agrária na região, Alfredo DAngelis, ressaltando que só deixará o piquete quando tiver uma proposta na mão assinada e selada.