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 | 27/03/2008 16h55min

Mercados limitam vendas de alimentos básicos na Argentina devido à greve

"Só dois frangos por compra", adverte cartaz em um supermercado de Buenos Aires

Grande parte dos mercados argentinos está optando por restringir a venda de alimentos básicos para frear o desabastecimento provocado pelo conflito agropecuário que já dura 15 dias no país. O motivo do desabastecimento é a greve comercial dos produtores agropecuários. Eles estão decididos a manter a paralisação e os bloqueios nas estradas contra o aumento dos impostos à exportação, aprovado este mês pelo Executivo da presidente Cristina Fernández de Kirchner.

"Só dois frangos por compra", adverte nesta quinta-feira um cartaz em um supermercado de Buenos Aires, que, como outras cadeias concorrentes, esgotaram suas reservas de carne. Acabada a carne, as limitações nas vendas afetaram frango, leite, ovos e outros produtos básicos que começam a escassear nas prateleiras dos mercados.

A greve, que uniu fazendeiros e pequenos produtores rurais contra a política governamental, é a primeira grande crise enfrentada por Cristina, alvo de duas noites seguidas de "panelaços" em Buenos Aires e em outras grandes cidades do país. A governante se mostrou até agora inflexível, ignorando os constantes apelos ao diálogo lançados por dirigentes de seu próprio partido, o Justicialista (Peronista), por opositores, organizações sociais e até pela Igreja Católica.

Todos esperam com interesse o discurso da presidente em um ato convocado para as próximas horas por seu marido e antecessor no cargo, Néstor Kirchner, em respaldo à política oficial. Enquanto isso, continua o problema de falta de abastecimento. Muitos açougues pequenos, os mais prejudicados, tiveram de fechar suas portas por falta de mercadoria. A crise de desabastecimento poderia explodir amanhã, reconheceu hoje Carlos Martinez, presidente do Mercado Central de Buenos Aires.

— Os produtores têm muitos caminhões parados por todo o país — lamentou, admitindo que estão sendo registrados "grandes prejuízos", até agora não quantificados.

As perdas não se limitam ao setor agrário. Afetam também as cadeias de distribuição e venda, empresas de transporte de mercadorias e até as companhias de ônibus, que foram obrigadas a suspender 600 serviços pelos bloqueios realizados por piquetes rurais nas estradas.

EFE

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