| 26/03/2008 17h34min
Entidades representantes do setor de produção agropecuária e parlamentares da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados avaliaram nesta quarta, dia 26, como positiva a proposta de renegociação da dívida rural apresentada na noite de terça, dia 25, pelo governo. Dos R$ 87,5 bilhões em débitos vencidos e a vencer estimados pela equipe econômica, o governo pretende repactuar até R$ 56,3 bilhões.
Esses representantes, no entanto, consideram que ainda há pontos a serem estruturados e que o governo deve ceder mais, reconhecendo o papel do agronegócio no crescimento do país. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), presidente da Comissão de Agricultura, informou que está marcada para as 10h de quinta, dia 27, uma reunião técnica no Ministério da Fazenda, a fim de discutir soluções para pontos ainda divergentes.
— O grosso dessa dívida vence nos próximos quatro anos e é evidente que a produção rural não tem condição de pagar mais de R$ 20 bilhões nesse
período. Deve haver um
alongamento disso para, efetivamente, obter aquilo que o governo quer: a adimplência dos produtores e a capacidade de eles voltarem a tomar o crédito rural, a ampliar a área de plantio, a incorporar cada vez mais e melhores tecnologias, e a aumentar o volume de produção — afirmou Lorenzoni.
O diretor de política agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris, disse que a proposta do governo contempla, em parte, as reivindicações dos pequenos produtores, mas precisa evoluir em pontos fundamentais.
— É preciso um avanço significativo nesse processo de renegociação para que, definitivamente, dê condições aos agricultores, especialmente os familiares e assentados, de honrar seus compromissos com a rede bancária. Cerca de 50 mil contratos da agricultura familiar ficariam fora do processo de renegociação e entendemos que o governo precisa ter uma ação mais concreta sobre isso — apontou Rovaris.
Já o
presidente da Comissão Nacional de
Endividamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), deputado Homero Pereira (PR-MT), destacou como ponto mais relevante da proposta a boa vontade do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de manter um canal aberto de negociações.
— Em alguns pontos, como as linhas de crédito para custeio e investimentos, entretanto, a proposta foi muito acanhada, muito aquém das expectativas — comentou.
Lorenzoni confirmou para as 18h30min da próxima segunda, dia 31, a reunião de apresentação da proposta final de renegociação da dívida agrícola. Ele disse que o governo deve ter sensibilidade com o setor, pois capitaneou e liderou toda a evolução que o Brasil teve nos últimos anos.