| 26/03/2008 14h48min
O adiamento da apresentação do pacote completo de medidas para a renegociação das dívidas agrícolas decepcionou os produtores que aguardavam uma solução definitiva para o endividamento do setor. As propostas feitas até agora pelo governo federal não agradaram a todos. Em Mato Grosso do Sul, um dos principais Estados produtores, quem depende da agricultura para sobreviver está preocupado com o futuro da atividade.
Para plantar a lavoura de 1,2 mil hectares de soja, o produtor Altino Brauner precisou fazer um empréstimo de R$ 170 mil. O crédito oficial só foi liberado após a quitação das dívidas da safra 2006/07 e da prorrogação de duas parcelas de custeio pendentes de safras anteriores. Hoje o agricultor deve cerca R$ 400 mil, que começam a vencer em maio. O problema é que a plantação, única fonte de renda dele, não produziu o esperado – cerca de 15 sacas a menos por hectare. As medidas anunciadas até agora pelo governo federal não agradaram o agricultor, que teme não conseguir quitar suas dívidas.
– O governo deveria tentar ajudar a todos os lavoureiros, e não apenas projetar a renegociação das dívidas mais antigas. Também deveria pensar nos agricultores que estão em dia com suas contas mas que pegaram créditos para esta safra. Se não houver isso, ficará difícil continuar na atividade, plantar novamente.
De acordo com a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o montante de dívidas vencidas e a vencer dos produtores rurais sul-mato-grossenses pode passar da casa dos R$ 3 bilhões. Por isso, a falta de uma solução definitiva para o problema causa tanta preocupação ao setor.
Para o vice-presidente da Famasul, Eduardo Riedel, o novo adiamento do pacote de medidas de negociação das dívidas agrícolas frustrou a classe produtora. Riedel afirma ainda que é importante discutir o assunto para definir um programa que atenda às necessidades dos produtores.
– É uma situação humilhante haver cerca de 500 ou 600 produtores rurais pedindo pelo amor de Deus para o governo federal encontrar uma maneira para que o setor continue produzindo. Afinal, dessa renegociação depende o futuro de muitos produtores, e o governo precisa entender isso.
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