| 08/02/2008 06h06min
Virá novamente da Irlanda mais um fogo cruzado contra a carne brasileira. Os principais lobistas na Europa para barrar a importação do chamado brazilian beef - os produtores de carne irlandeses - declararam nessa quinat-feira, dia 7, que não aceitarão a nova lista proposta pelo Brasil à Comissão Européia com 683 fazendas autorizadas a exportar.
Em Bruxelas, as autoridades da comissão, órgão executivo da União Européia (UE), se negam a comentar oficialmente a informação de que o Brasil apresentaria uma nova lista. Teriam declarado, no entanto, que a importação de carne do Brasil somente será retomada depois de uma análise das garantias oferecidas.
A UE havia definido que o Brasil deveria entregar uma relação com 300 fazendas com certificados sanitários para vender carne ao mercado europeu. No mês passado, o governo enviou uma lista com 2.681 fazendas, o que irritou a comissão e levou o órgão a suspender toda a importação.
Os irlandeses foram os mais afetados nos últimos dois anos pela concorrência da carne nacional e, diante de seus preços pouco competitivos, perderam mercado para o Brasil. Agora, aproveitam os problemas sanitários no país para tentar reconquistar uma fatia do mercado europeu. Em Dublin, a Associação de Fazendeiros da Irlanda divulgou que insistirá com a UE para que não aceite a nova lista.
– A UE pediu 300 fazendas e, para um europeu, 300 não são 400 nem 600 – afirmou Kevin Kinfella, um dos representantes da entidade.
Os irlandeses apontam que a nova lista brasileira deve ser vista com desconfiança pela Comissão Européia.
– O Brasil perdeu a credibilidade ao desafiar a Europa – disse o presidente da associação, Padraiog Walshe.
O lobby de Dublin pressionará a comissão para não aceitar qualquer proposta que passe de 3% do total das fazendas brasileiras.
A Embaixada do Brasil na UE diz que, por enquanto, não recebeu nenhuma indicação de Brasília sobre como
será a lista a ser entregue no próximo dia 15 pelo secretário
de Defesa Agropecuária do ministério, Inácio Kroetz, em Bruxelas.