| 05/02/2008 20h09min
A febre aftosa em Mato Grosso do Sul, há dois anos, despertou a atenção para a necessidade da ação conjunta do Brasil e do Paraguai para aumentar o controle sanitário animal na fronteira. Nossos repórteres foram ao outro lado da Linha Internacional para saber o que pensam e como agem as autoridades paraguaias. E lá descobriram que esta união parece não ser suficiente para garantir a segurança.
No escritório do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa), em Salto del Guaira, o mapa de Mato Grosso do Sul doado pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), e a pasta com as atas das reuniões realizadas entre os dois países revelam o clima amistoso que toma conta das ações para erradicar a febre aftosa. Outros documentos
comprovam que entre novembro e dezembro do ano passado a
vacinação dos animais na região foi conjunta. O convênio assinado em maio de 2007 estabeleceu medidas para garantir a sanidade bovina no local. Uma delas é a criação da zona de alta vigilância sanitária, que terá uma extensão de 15km em cada lado da fronteira. Ésio Missiato é dono de duas propriedades na região. O pecuarista acha importante esta parceria.
– A medida do Senacsa cria obstáculos para os produtores, que só podem movimentar o rebanho para abate – disse o pecuarista.
Apesar do trabalho conjunto, quando o assunto é o trânsito de animais na fronteira-seca, percebemos algumas diferenças nas ações. a mesma situação que pode representar uma ameaça para a sanidade do rebanho brasileiro, parece não preocupar as autoridades paraguaias.
A prova foi o flagrante que nossa equipe de reportagem registrou enquanto acompanhava a fiscalização feita pelo Senacsa na fronteira.
Vimos animais soltos na fronteira e fizemos uma série de perguntas para a doutora Andréa de Zacarias, chefe da Senacsa em Salto del Guaira, que tentou justificar que aqueles animais não representavam risco para a sanidade.
Em tempos em que à atenção dos principais mercados compradores de carne bovina está voltada para a eficiência do controle da sanidade animal no Brasil, o descaso na fiscalização da fronteira com o Paraguai é motivo de preocupação. Se no Brasil a utilização de quatro veículos para monitorar a região é insuficiente, no Paraguai a situação é pior. apenas um veículo é usado para fiscalizar e controlar o trânsito de animais na área mais crítica, o que não é visto como um problema para as autoridades paraguaias.
CANAL RURAL