| 31/01/2008 06h13min
Governo brasileiro decide rever dados de auditoria após europeus levantarem dúvidas sobre o credenciamento de 2.681 propriedades que estariam aptas a exportar para o bloco
Por tempo indeterminado, as portas da União Européia (UE) se fecharam para a carne bovina brasileira. A partir desta sexta-feira, dia 1º, as exportações estão suspensas para um dos principais destinos do produto nacional. O maior temor da indústria, neste momento, é o efeito cascata que o bloqueio pode causar em outros mercados, como Chile, Rússia, Argélia e Egito.
Especialistas avaliam que o caso não colabora para melhorar a imagem da carne brasileira, constantemente ligada a fatores negativos envolvendo deficiências sanitárias e o desmatamento da Amazônia. Os europeus colocaram em xeque a auditoria feita no país, que em menos de 30 dias apontou como aptas para exportar 2.681 propriedades brasileiras.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Marcus Vinícius Pratini Moraes, defende que, se problema não for resolvido em 60 dias, o Brasil adote restrições a produtos da União Européia, como os vinhos da França e os carros da Alemanha.
É consenso no setor que as falhas na rastreabilidade justificam o descrédito com o sistema brasileiro, mas também de que há clara intenção de parar o avanço da carne bovina embarcada pelo Brasil. Para o professor Júlio Barcellos, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o protecionismo é evidente, mas está calcado na vulnerabilidade do rastreamento de animais feita no Brasil. Barcellos questiona por que o país não ingressa com uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC), como no caso do algodão.
Exportadores e pecuaristas criticaram o governo federal pela falta de gestão da situação. Desde 2007, os europeus deram sucessivos avisos e indicaram a intenção do bloqueio.