| 30/01/2008 16h59min
O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, afirmou nesta quarta, dia 30, que o governo brasileiro fez bem em resistir à recomendação da União Européia (UE) de limitar o número de frigoríficos credenciados a exportar para a região, segundo informações da BBC Brasil.
De acordo com Camardelli, os produtores brasileiros vão usar de "criatividade" para buscar outros mercados para substituir os europeus. Em 2007, a UE foi o destino de 31,6% das exportações brasileiras em dólares, e de 21,4% em toneladas. O bloco é o segundo maior destino da carne brasileira em quantidade, depois da Rússia, mas o primeiro em volume de recursos, porque compra cortes mais nobres e mais caros.
— O Brasil estabeleceu um confronto em tempo hábil, oportuno e fez certo. Esta crise veio no momento oportuno. Queremos puxar a discussão para a seara técnica, onde achamos que podemos sair vitoriosos — disse Camardelli.
O diretor da Abiec
reconhece que o mercado europeu é importante para os produtores brasileiros, mas diz que considera mais importante a postura do governo de não aceitar a limitação do número de frigoríficos habilitados a exportar.
— Vamos procurar redimensionar nossa produção, buscar com criatividade novos cortes de dentro dos outros 160 países para os quais exportamos. O mercado europeu é muito importante, mas já passou o tempo de a gente se curvar, especialmente diante de coisas que não tem argumentação técnica — disse Camardelli.
Lista
A UE pediu ao governo brasileiro uma lista de cerca de 300 frigoríficos que atendessem a exigências sanitárias e de rastreabilidade do animal, mas a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura enviou uma lista com mais de 2,8 mil propriedades.
A Abiec diz que não existe justificativa técnica para limitar o número de propriedades, desde que todas atendam às
exigências.
— Essa decisão veio em um momento propício, que
a gente tem dificuldade de volume de animais, o dólar não compensa muito e o mercado interno está comprando um pouquinho mais — afirmou Camardelli.
Ainda assim, ele diz que o mercado brasileiro não será suficiente para absorver todo o volume atualmente exportado para a UE.
Exportações
As exportações de carne para a UE somaram US$ 1,4 bilhão no ano passado, com um total de 543 mil toneladas. Houve uma redução em relação ao ano anterior, quando os pecuaristas brasileiros exportaram para o bloco europeu 598 mil toneladas, com um valor de US$ 1,45 bilhão.
A UE é o quarto maior importador mundial, com um volume de cerca de 600 mil toneladas. Quando recebeu o pedido para listar os frigoríficos, em dezembro de 2007, o Ministério da Agricultura classificou a medida de "arbitrária, desnecessária, desproporcional e injustificada".
O Ministério disse na ocasião que a medida "poderia criar
discriminação arbitrária entre fazendas em que se verificam as mesmas
condições no que se refere às próprias exigências européias".