| 30/01/2008 10h13min
A União Européia suspendeu nesta quarta, dia 30, por tempo indeterminado, toda a importação de carne bovina brasileira. A decisão foi tomada depois de uma disputa em relação ao número de fazendas que o Brasil teria direito de certificar. Os europeus disseram que aceitariam a carne de 300 propriedades, mas, o Brasil apresentou uma lista com 2.861 propriedades.
Na quinta, dia 31, começarão a ser aplicadas as exigências que a UE decidiu impor às importações de carne bovina do Brasil, por considerar que havia carências sanitárias na produção.
– Neste momento não há nenhuma empresa brasileira autorizada a exportar à UE – afirmou o comissário europeu de Saúde, Markos Kyprianou.
Entre as condições que a UE impõe a partir desta quinta, está a obrigação de que os animais tenham permanecido pelo menos 90 dias em áreas aprovadas pela UE e um mínimo de 40 dias no local autorizado antes de seu abate.
Caso as instalações aprovadas pela UE recebam animais de áreas não autorizadas, as cabeças de gado que já estavam no lugar devem ser sacrificadas somente após um período adicional de 90 dias.
As restrições européias obrigarão que todas as cabeças de gado dos locais autorizadas estejam registradas no sistema nacional de identificação de gado (Sisbov).
As autoridades européias farão controles para verificar o cumprimento destes requisitos e poderão revisar a lista de empresas autorizadas segundo os resultados dessas inspeções.
A Europa vai enviar uma nova missão veterinária ao país no dia 25 de fevereiro ao Brasil, para novas vistorias. Até a conclusão do relatório, sobre estas vistorias nenhuma carne nacional poderá entrar no mercado europeu.
No Brasil, o setor reage à decisão européia. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Exportadores de Carne, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, Bruxelas se rendeu à pressão dos irlandeses e a de outros interesses político-econômicos. Pratini criticou a nova medida e chamou a União Européia de despreparada.
– Nós que deveríamos proibir os frigoríficos brasileiros de exportar carne à Europa – declarou o presidente da associação.
Em entrevista à reportagem do Canal Rural, Pratini de Moraes lamentou ter sido necessária uma decisão como esta para que a indústria brasileira passe a levar a sério as condições de rastreabilidade e deixou claro:
– As exportações para a Europa param amanhã.
O ministro de Agricultura e Pecuária brasileiro, Reinhold Stephanes, já tomou conhecimento da nova decisão européia e deve enfrentar as pressões do setor. Pecuaristas esperam que até o final da tarde, o governo tome uma posição sobre que medidas serão adotadas a partir de agora e se há chances de reversão.
No mercado, as cotações já indicam agitação devido à notícia. A previsão é de queda do preço da arroba do boi.
CANAL RURAL