No dia seguinte à divulgação de 27 candidaturas que ameaçam ruir, a preocupação tomou conta de corredores da Assembleia Legislativa e dos diálogos entre líderes partidários. Mesmo confiantes, partidos temem ter de rever as suas principais apostas para outubro.

Entre os contestados pela Procuradoria Regional Eleitoral, estão os pedetistas Giovani Cherini – presidente do parlamento gaúcho – e o deputado federal Pompeo de Mattos, candidato a vice na chapa de José Fogaça (PMDB) ao Piratini. O deputado estadual Daniel Bordignon (PT) também integra a lista.

Líderes do PDT passaram boa parte do dia trocando telefonemas ontem. Cherini e Pompeo representam as duas principais apostas do partido para a eleição que se aproxima. O presidente do Legislativo, que busca pela primeira vez uma cadeira de deputado federal, é considerado puxador de votos do partido. Em 2006, foi o campeão da legenda na disputa pelas cadeiras na Assembleia. Até o ministro Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT nacional, ligou para Cherini oferecendo solidariedade.

Em um partido com dificuldades para engrenar novos líderes desde a morte de Leonel Brizola (1922-2004), Pompeo vem pleiteando esse prestígio nos últimos anos. Ontem, admitia um abatimento.

– Eu senti tristeza, num primeiro momento. Depois senti indignação e, mais tarde, firmeza e fé – disse o deputado, afirmando ter “a consciência e as mãos limpas”.

A notícia envolvendo Pompeo também levou agitação ao PMDB, partido de Fogaça. Um dirigente da sigla – embora garantindo ter certeza na absolvição do vice – assumiu que “qualquer ruído envolvendo uma candidatura, nesta época do ano, provoca abalos”. Mesmo assim, Fogaça fez questão de telefonar para Pompeo e demonstrar lealdade ao colega.

– Mas prejuízo houve. Às vezes o boato é mais forte que o fato – disse um pedetista, mesmo afirmando que Cherini e Pompeo estão sendo injustiçados.

O deputado petista Daniel Bordignon, mesmo acreditando que sua candidatura não será impugnada, também reconheceu o ônus político da situação: adversários que disputam votos com ele vão explorar a situação para arrancar-lhe eleitores. Na tarde de ontem, Bordignon fazia campanha em Gravataí, ao lado de Tarso Genro (PT) e do presidente estadual do PT, deputado Raul Pont.

– É evidente que isso cria um certo mal-estar, mas estou tranquilo porque todos os requisitos legais foram cumpridos por mim – afirmou Bordignon, que tem uma liminar suspendendo a decisão do TCU.