Pesquisas | 12/07/2010 03h23min
O Ibope perguntou aos eleitores gaúchos quais as áreas que devem ser prioridade para o próximo governo, que assumirá em 1º de janeiro de 2011. A saúde aparece como principal preocupação para 34% dos entrevistados. Em segundo, vem a segurança pública, com 23%, seguido de educação, com 15%.
A saúde e a segurança já eram, nesta ordem, as áreas que mais preocupavam os gaúchos em outubro do ano passado, de acordo com pesquisa Ibope publicada em Zero Hora no dia 5 de outubro. Na ocasião, porém, o emprego aparecia em terceiro lugar, e a educação, na quarta posição.
Em 2002 e 2006, anos em que também ocorreram eleições para presidente da República e governo do Estado, o desemprego despontava como a maior preocupação dos gaúchos (ver quadro abaixo). Na pesquisa realizada nos dias 6 a 8 de julho deste ano, a geração de emprego ficou em quarto lugar, com 5% (ver tabela ao lado).
Na página ao lado, o cientista político Benedito Tadeu César avalia as razões para os eleitores citarem a saúde e a segurança como as principais prioridades para o futuro governo.
"Há uma preocupação com o atendimento de urgência"
Para o cientista político Benedito Tadeu César, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a escolha da saúde como a área a ser priorizada pelo próximo governador tem relação com um velho temor da população. Segundo o pesquisador, que coordena o Laboratório de Observação Social da UFRGS, os gaúchos que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) confiam cada vez menos no atendimento de urgência. Leia trechos da entrevista:
Zero Hora – Como o senhor avalia o fato de a saúde estar em primeiro lugar entre as prioridade dos gaúchos?
Benedito Tadeu César – Alguns anos atrás, era a segurança a principal preocupação e depois apareceu a geração de empregos. Não sei dizer exatamente por que a saúde passou a ser vista como prioridade, mas percebo, inclusive nas pesquisas que faço, que há uma preocupação grande com o atendimento de urgência. O problema, na verdade, é entrar no sistema e ser atendido. As pessoas têm medo de que, quando precisarem, não serão atendidas.
ZH – Um levantamento recente feito pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) mostrou que os prefeitos veem como prioridade a construção de estradas. Há uma contradição entre o que pensam os prefeitos e o que querem os cidadãos?
César – Os prefeitos, em geral, estão preocupados com o acesso asfáltico e com o escoamento da produção. Tenho impressão de que essa pesquisa da Famurs refletiu uma espécie de retroalimentação. Os prefeitos sabiam que o governo do Estado vinha demonstrando disposição de investir em estradas e então passaram a bater nessa tecla.
ZH – Não seria pelo fato de esse tipo de obra ser mais visível e ajudar na conquista de votos?
César – Isso também conta. É uma obra que fica e que aparece.
ZH – Durante muito tempo, a segurança pública despontava como uma das maiores preocupações nas pesquisas. Na sua opinião, qual é a explicação para agora estar em terceiro lugar, segundo o Ibope?
César – Se a segurança melhorou, eu não sei. Mas a sensação de segurança certamente aumentou, por isso perdeu espaço para a saúde nas prioridades. Acredito que isso tenha relação com a melhoria geral das condições de vida da população.
As preocupações do passado |
JUNHO/2002 CEPA-UFRGS |
Emprego (34,1%) |
Segurança (29,6%) |
Educação (15%) |
JANEIRO/2006 IBOPE |
Desemprego (38%) |
Segurança (28%) |
Saúde (19%) |
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