clicRBS
Nova busca - outros

Notícias

Eleições  | 07/06/2010 03h20min

Para políticos, investigação de adversários é praxe

Grampos, escutas e violação de correspondência, pela lei, são proibidos

Embora o termo “dossiê” tenha adquirido conotação pejorativa nos últimos anos, a prática de investigar o passado de adversários às vésperas de uma eleição é corriqueira em qualquer partido.

Ex-procurador regional eleitoral, Vitor Hugo Gomes da Cunha diz que, a princípio, não há ilegalidade nessa conduta, desde que as apurações se debrucem na atuação pública do candidato, não na vida privada. Grampos, escutas e violação de correspondência, pela lei, são proibidos.

Toda campanha política de porte razoável tem o chamado núcleo de inteligência. Os integrantes do grupo se dedicam, entre outras coisas, a compilar documentos, reportagens e uma série de dados que servirão como armas contra o oponente. São dossiês que, posteriormente, ajudarão a pautar propagandas eleitorais e debates entre os candidatos.

– Coletar informações do adversário é uma prática comum e legítima. O condenável é inventar informações – diz o deputado federal Nelson Proença (PPS), experiente em coordenação de campanhas.

A palavra “dossiê” incorporou uma acepção negativa especialmente após o escândalo dos chamados “aloprados”, em 2006. Por isso os partidos fogem de qualquer menção a ela. Vice-presidente estadual do PP, Celso Bernardi lembra que as campanhas têm interesse em mostrar contradições do oponente. Para isso, é preciso pesquisa.

– Em todos os países do mundo, se faz esse levantamento da vida do candidato para colocá-lo em situações incômodas.

Proença relata que o núcleo de inteligência das campanhas costuma ficar isolado do restante do comitê:

– Normalmente, em uma casa discreta, sem alarde. Quem trabalha lá precisa de discrição, pois lida com informações confidenciais. É melhor que pouca gente tenha acesso.

Cronologia de dossiês
COLLOR E LURIAN, A FILHA DE LULA, EM 1989
- Adversários nas eleições de 1989, Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva se enfrentaram no segundo turno da primeira eleição direta após o regime militar. À época, o comando de campanha de Fernando Collor levou à TV a enfermeira Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusando o então candidato a presidente pelo PT de ter chegado a lhe pedir para fazer um aborto, quando estava grávida de Lurian (foto), filha do casal. A acusação deixou Lula abalado na reta final do segundo turno da eleição.
DOSSIÊ CAYMAN, EM 1998
- Às vésperas das eleições de 1998, Fernando Collor entregou ao então senador Djalma Falcão (PMDB – AL) um documento com acusações contra os líderes tucanos Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Mário Covas, e os ministros da Saúde, José Serra, e das Comunicações, Sérgio Motta. Cópias foram feitas e vendidas para os candidatos de oposição. Segundo Collor, os tucanos seriam sócios de uma firma com saldo bancário superior a US$ 350 milhões nas Ilhas Cayman, no Caribe. Collor negou o envolvimento na operação, que continha dados falsos, segundo investigação posterior.
DINHEIRO NO COFRE DE ROSEANA, EM 2002
- Em 2002, foi montado um dossiê sobre a empresa Lunus, da candidata à presidência pelo PFL (atual DEM), Roseana Sarney. A investigação descobriu R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo nos cofres da empresa, propriedade da então governadora do Maranhão em sociedade com Jorge Murad, seu marido. O dossiê reunia indícios do possível envolvimento da Lunus em esquema de desvio na antiga Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), mas Roseana dizia que o dinheiro era fruto de doações de campanha. Na foto, representante da Procuradoria-Geral da República analisa documentos da Lunus.
ALOPRADOS, EM 2006
- Aloprados. Foi assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu os autores de um dossiê composto de fotos e um DVD que conteriam denúncias contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra. As informações o ligariam à máfia das sanguessugas – envolvida em desvio de recursos do ministério da Saúde. Membros do PT tentaram comprar o dossiê de Luiz Antônio Vedoin, por R$ 1,7 milhão. O objetivo era impulsionar a candidatura do também candidato ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante (PT).

ZERO HORA
Nuvem Esperança

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.