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Eleições  | 07/06/2010 03h13min

“É melhor eu sair fora e levar comigo esse negócio”, diz jornalista que teria negociado dossiê

Apontado como o mentor da equipe de inteligência da campanha de Dilma Rousseff, o Luiz Lanzetta diz estar disposto a ser interrogado

Apontado como o mentor da equipe de inteligência da campanha de Dilma Rousseff (PT), o jornalista Luiz Lanzetta diz estar disposto a ser interrogado sobre o episódio do dossiê contra José Serra (PSDB). Na madrugada de sábado, tão logo leu a entrevista do delegado aposentado Onézimo Souza à revista Veja, Lanzetta escreveu uma carta à direção do PT oficializando seu desligamento da campanha.

Nascido em Pelotas, Lanzetta se formou em Jornalismo pela Universidade Católica de Pelotas. Trabalhou no município e depois em Florianópolis, São Paulo e Rio, até chegar a Brasília. Em 2004 fundou a Lanza Comunicação e Estratégias Políticas, que presta serviços de publicidade, relações públicas e assessoria de imprensa, com sede no Distrito Federal.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone ontem à tarde, Lanzetta também afirma que Onézimo fazia parte de um “esquema de espionagem” do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). Procurado por ZH para comentar as declarações, Itagiba não foi localizado.

Zero Hora – A sua saída da campanha é uma decisão pessoal ou pediram para o senhor sair?

Luiz Lanzetta –
Ninguém pediu para eu sair. Se isso tivesse acontecido, até porque esse problema está ocorrendo há mais tempo, já teriam me demitido. Essa decisão foi minha. Não dava mais para ficar lá. Eu estava pressionado por gente de dentro e de fora. Com as entrevistas desses dois agentes (o delegado Onézimo Sousa e o militar Idalberto Matias de Araújo), ficou claro que eu não tenho contrato com ninguém.

ZH – Alguém do comando do PT sabia da reunião no restaurante Fritz?

Lanzetta –
Foi um processo de que só eu participei. Ninguém sabia e eu pensei que tinha se encerrado quando eu fui embora do restaurante aquele dia. Agora reapareceu com vários interesses, alimentando uma crise que não existe. Em vez de ficar me defendendo, eu quero esclarecer. Mas as crises políticas independem se a origem é real ou não. Então é melhor eu sair fora e levar comigo esse negócio.

ZH – Mas por que vocês chamaram os agentes para a reunião?

Lanzetta –
Eu não chamei. O cara (Onézimo) é que queria conversar com a gente, e eu quis saber o que ele ia contar. Ele contou várias coisas e eu fui embora. Eu sou jornalista, não sou um quadro da campanha, então fui lá saber uma coisa que me interessou.

ZH – O senhor não teme ser convocado por alguma comissão do Congresso, como deseja o PSDB?

Lanzetta –
Eu quero ser convocado. Por que temeria? Não tenho nada a esconder.

ZH – O senhor aceitaria participar de uma acareação com o delegado Onézimo Sousa?

Lanzetta –
Eu quero. Nós somos quatro testemunhas contra um. Espero até que o delegado tenha gravado a reunião. Lá, ele nos contou todo o esquema do (deputado federal pelo PSDB do Rio) Marcelo Itagiba de espionagem, pró- PSDB. Espero que ele tenha gravado e mostre toda a fita da conversa.

ZH – Vocês não gravaram nada?

Lanzetta –
Não gravei nada. Eu fui lá para ouvir. Posso contar essa história em qualquer lugar, mas tem que ir todo mundo que estava na reunião. Os cinco que estavam lá. E eles têm de contar tudo o que contaram para a gente, inclusive nome por nome dos caras que trabalham para o Marcelo Itagiba e que ficam espionando todo mundo.

Conteúdo controverso
As informações que surgiram até agora como parte do dossiê contra Serra já haviam sido exploradas anteriormente por adversários do tucano. Veja quais são:
- Supostas irregularidades em movimentações financeiras envolvendo financiadores de campanha do PSDB.
- A filha de Serra, Verônica Allende Serra, seria sócia de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas. A primeira já explicou que elas apenas integravam a diretoria executiva da empresa Decidir.com. A intenção do dossiê seria associar Serra a Dantas, mesmo que indiretamente.
- Vladimir Antônio Rioli, preso por crime financeiro contra o Banco do Estado de São Paulo (Banespa), em 1992, teria sido sócio de Serra em consultoria.

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