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 | 19/05/2010 03h54min

Países com poder de veto da Onu apoiam EUA em sanções ao Irã

Com respaldo de outras potências, Hillary Clinton apresentou punição a país de Ahmadinejad

Um dia após Brasil e Turquia terem celebrado um acordo sobre o programa nuclear iraniano, os Estados Unidos reagiram com força. Na prática, disseram “não” aos governos brasileiro e turco – e, especialmente, ao Irã.

Em Washington, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou que os EUA conseguiram chegar a um acordo com Rússia e China sobre novas sanções ao governo iranian (veja o esboço de resolução no quadro ao lado). O documento será votado em junho. França e Grã-Bretanha – que completam a lista de membros permanentes do conselho – possuem poder de veto, mas, ontem à noite, endossaram a intenção de punir o Irã.

O documento proíbe a comunidade internacional de vender tanques, veículos blindados de combate, aviões, navios de guerra e outras armas pesadas a Teerã. Em 10 páginas, também pede um regime de inspeção internacional em embarcações suspeitas de conter cargas relacionadas ao programa nuclear ou de mísseis do Irã, e inclui sanções de caráter financeiro.

Empresas e indivíduos ficarão sujeitos a ter bens congelados e a ser proibidos de viajar para fora do Irã, país que não poderá investir em atividades sensíveis no Exterior, como mineração de urânio ou atividades relacionadas ao desenvolvimento de mísseis balísticos.

A embaixadora dos EUA no ONU, Susan Rice, disse que a resolução deverá dar “maior força” a resoluções já aprovadas e acrescentar “fortes” e novas medidas para intensificar a pressão sobre o Irã para solucionar as preocupações de que seu programa nuclear não seja pacífico.

Rice afirmou que a busca por novas sanções contra o Irã nada tem a ver com o acordo promovido pelo Brasil, o qual prevê que o Irã troque urânio com baixo enriquecimento por combustível nuclear, em território turco. A resolução tem como objetivo, segundo a diplomata, punir a recusa do Irã em suspender seu programa de enriquecimento de urânio e seu plano para construir mais 10 novas usinas e reatores nucleares.

Itamaraty se recusou a discutir punições

O Brasil, porém, sentiu-se atingido. Recusou-se a discutir o esboço da resolução com novas sanções contra o Irã por causa do acordo, sob a alegação de que o acordo aceito segunda-feira tem por objetivo, justamente, evitar sanções.

– Não vamos participar de nenhuma discussão neste momento porque sentimos que existe uma nova situação. Houve um acordo muito importante ontem (segunda-feira) – disse Maria Luiza Ribeiro Viotti, embaixadora do Brasil na ONU, ao se retirar da reunião.

E a atuação do Brasil não ficará apenas nessa retirada da reunião de ontem. Mesmo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha evitado comentar o esboço de sanções, já está certo: o país não participará, também, da votação. Mais: ontem à noite, os governos brasileiro e e turco preparavam documento pedindo à ONU que cesse a apreciação das sanções, porque consideram haver espaço aberto para a diplomacia, por conta do acordo de segunda-feira.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou a atuação dos EUA, reclamando que o acordo para evitar as sanções é resultado de uma negociação, e não da confrontação. Trata-se, disse ele, de um resumo dos “avanços notáveis em relação às situações anteriores”.

De acordo com Amorim, é a primeira vez que o Irã aceita, por escrito, uma proposta relativa ao seu programa nuclear, sem impor condições.

– Também pela primeira vez, e por escrito, o Irã aceita que se trata de 1,2 mil quilos de urânio, que é exatamente a proposta original da própria Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). Além disso, o Irã se compromete a enviar seu urânio levemente enriquecido para a Turquia – argumentou o chanceler brasileiro, que lembrou o fato de o Irã ter se comprometido a escrever uma carta para a Aiea, no prazo de uma semana a contar de segunda-feira, comunicando sua decisão sobre o acordo com o Brasil e a Turquia.

China elogia acordo, mas defende as punições

Em ligação telefônica feita ao colega Celso Amorim, o chanceler chinês Yang Jiechi elogiou o acordo com o Irã costurado pelo Brasil e pela Turquia. Por outro lado, por meio de porta-voz, o país asiático também defendeu que “ações relevantes’’ do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) ajudariam a “salvaguardar o sistema internacional de não proliferação’’.

De acordo com a agência de notícias oficial Xinhua, Yang conversou tanto com o ministro brasileiro quanto com o chanceler turco, Ahmet Davutoglu. Aos dois, teria dito que o acordo tripartite “ajudaria a avançar o processo de resolução do tema nuclear iraniano pelo diálogo e negociações’.’ O chanceler chinês teria dito ainda que o país asiático sempre defendeu a estratégia de “mão dupla’’, que significa diplomacia tanto de negociações quanto de sanções. Yang afirmou que o novo acordo era importante para solução definitiva.

Horas antes, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, também declarou que a China espera que o acordo contribua para uma “solução pacífica’’, mas também defendeu que a atuação do CS ajudaria a “manter a paz e a estabilidade do Oriente Médio e a chegar a uma solução adequada ao tema nuclear iraniano’’.

Principal parceiro comercial do Irã, a China foi o último membro permanente do Conselho de Segurança da ONU a aceitar a necessidade de discutir novas sanções. Apesar da relação econômica intensa, a China vinha dando sinais de que estava se aproximando da posição americana. O maior deles veio no mês passado, quando o presidente Hu Jintao participou em Washington da cúpula sobre segurança nuclear.

O apoio chinês à posição americana no CS da ONU ocorre dias antes de um importante encontro entre os dois países para discutir estratégias econômicas, na semana que vem, em Pequim.

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