O prazo para a entrega dos projetos das construtoras que concorrem para realizar a reforma do Beira-Rio, visando à realização da Copa do Mundo de 2014, se encerrou às 17h desta quarta. Os dirigentes envolvidos diretamente na escolha da empresa se reunirão na quinta com o Conselho de Gestão do clube e a empresa Ernst & Young, contratada para auxiliar no processo de escolha, para iniciar o debate. O objetivo é anunciar o nome da empreiteira vencedora nesta segunda.

— Nós e o Conselho de Gestão pretendemos nos se reunir amanhã junto com a empresa contratada para nos ajudar neste processo, a Ernst , termos a decisão o mais rápido possível. Espero até segunda poder comunicar — disse primeiro vice-presidente do Inter, Luís Anápio Gomes.

Mas algumas das empreiteiras  que pretendem disputar a licitação estão insatisfeitas com o pouco prazo dado pela direção do Inter para que se habilitem a apresentar suas propostas à obra, avaliada em cerca de R$ 270 milhões. O desconforto é visível e tem como agravante a comparação de que a reforma da casa colorada é considerada a mais adiantada em relação a outros estádios do país que serão sede do torneio. Isso, na visão das companhias do setor de construção, seria um argumento inquestionável para a ampliação do prazo.

O tempo curto estabelecido para a licitação seria um dos motivos principais da desistência de algumas das empresas de participar do processo. No início de abril, por exemplo, houve uma reunião entre as construtoras e o clube. Onze teriam comparecido. A única exceção teria sido justamente a favorita para fazer as obras: a Andrade Gutiérrez. A informação, entretanto, é desmentida pelo Inter:

— A Andrade Gutiérrez participou, sim — retrucou o segundo vice-presidente, Dannie Dubin.

Mas, nos últimos dias, já houve desistências. Cinco das 12 empresas sequer retiraram o material oferecido pelo clube, conforme publicou o colunista Diogo Olivier, de Zero Hora, na última quarta-feira, 27 de abril.

Uma das maiores do setor de construção no país, a Andrade Gutiérrez segue envolvida na negociação. De acordo com fontes ligadas ao setor, a empresa tem um grande cacife nesta disputa. Isso porque tem o apoio do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, interessado que as principais construtoras do país se responsabilizem pelos projetos — a OAS já está tocando a Arena do Grêmio, por exemplo, e a Odebrecht, em parceria também com a OAS, a Arena Fonte Nova, em Salvador. Dubin diz desconhecer o interesse de Teixeira:

— Não tenho essa informação. Se a Andrade Gutiérrez for a escolhida, será por ter apresentado a melhor proposta.

As construtoras não entendem a razão da "pressa" do Inter em definir todo o processo. Lembram, inclusive, que o atual andamento das obras — hoje, a Tedesco está fazendo a parte inicial da reforma — está bem adiantado e recebeu recente aprovação da Fifa. Supervisor da entidade, o suíço Charles Botta, esteve no Beira-Rio no início de abril, quando elogiou o andamento do projeto. O clube estaria cumprindo todas as etapas dentro do cronograma e abaixo do orçamento previsto.

Dubin corrobora com o membro da Fifa. Após abertos os envelopes amanhã com as empresas interessadas em realizar a obra, a direção anunciará a decisão de qual será a parceira em até sete dias:

— Nós abriremos os envelopes com os interessados para o Inter e, em uma semana, divulgaremos o vencedor. O Beira-Rio é o mais adiantado de todos os credenciados. A obra não parou. A construtora que vencer terá meio caminho andado — sentencia Dubin.

Mas o Inter alega estar sendo pressionado pela Fifa para agilizar a definição da empreiteira responsável pela parte principal da obra. Pelo clube, a definição teria ocorrido em março. Foi assumido um risco ao postergar a escolha do parceiro:

— Precisávamos ter decidido isso há muito tempo. Em nome da transparência, estamos entrando maio adentro com essa questão em aberto. No Inter, temos a mania de fazer as coisas certas. Agora, não há mais tempo — afirmou Dubin.

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